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Opositor antissistema tem vitória reconhecida em eleição presidencial no Senegal

Após um período pré-eleitoral conturbado e marcado por uma imensa crise política, o Senegal parece respirar aliviado. Autoridades e o candidato do governo reconheceram nesta segunda-feira (25) a vitória do opositor antissistema Bassirou Diomaye Faye no primeiro turno da eleição presidencial realizado na véspera.

Eleitores senegaleses comemoram em Dakar o anúncio dos primeiros resultados da eleição presidencial no domingo (24) projetando a vitória de Bassirou Diomaye Faye.
Eleitores senegaleses comemoram em Dakar o anúncio dos primeiros resultados da eleição presidencial no domingo (24) projetando a vitória de Bassirou Diomaye Faye. AFP - MARCO LONGARI
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Com cerca de 90% das urnas apuradas, Faye, de 44 anos, venceu o pleito com 53,7% dos votos, segundo a Comissão Eleitoral do Senegal, em números ainda não definitivos. O ex-ministro e candidato da situação, Amadou Ba, obteve 36,2% dos votos. Com esse resultado, o opositor antissistema conseguiu descartar a realização de um segundo turno.

"O candidato do poder não pode compensar a diferença", explicou Ababacar Fall, líder da Gradec, uma ONG em defesa da democracia, que acompanhou a votação. 

O ex-primeiro-ministro e candidato da situação, Amadou Ba, afirmou que telefonou ao rival nesta segunda-feira para felicitá-lo. Logo depois foi a vez do presidente em fim de mandato, Macky Sall, publicar nas redes sociais que "as previsões mostram a vitória" de Faye.

Vários outros candidatos publicaram anúncios nas redes sociais felicitando o vencedor, que saiu neste mês da prisão, após uma lei que anistiou oponentes, e realizou uma curta campanha eleitoral. A iniciativa do presidente Sall de libertar opositores teve o objetivo de acalmar as tensões no país, depois de uma imensa revolta devido ao adiamento da eleição, inicialmente prevista para 25 de fevereiro.

A vitória de Faye se desenhava desde o início da divulgação dos primeiros resultados, na noite de domingo (24). A previsão é que a contagem final dos votos se encerre na próxima sexta-feira (29). O opositor antissistema se tornará, assim, o presidente mais jovem do Senegal, aos 44 anos completados neste 25 de março. 

Os resultados provisórios são anunciados após um primeiro turno que ocorreu em um surpreendente clima de calma, após três anos de crise política e semanas de manifestações violentas contra o governo de Sall. Cerca de 7,3 milhões de pessoas foram convocadas para votar e eleger o quinto presidente da história do Senegal. 

Mudança no cenário político

Os eleitores optaram por uma verdadeira mudança no cenário político. Bassirou Diomaye Faye, considerado um líder do "pan-africanismo de esquerda", promete o retorno da soberania nacional, combater a corrupção e uma melhor divisão das riquezas. Ele passou um ano na prisão, após uma condenação por ofensa a um juiz.

Autodescrito como "um homem da reflexão" e de "bom senso", Faye cresceu em uma família de agricultores no interior do Senegal, onde afirma ter "desenvolvido seu espírito de liderança". A formação em Direito lhe abriu as portas da prestigiada Escola Nacional de Administração, onde fundou, com outro célébre opositor, Ousmane Sonko, o partido político Pastef (Patriotas Africanos do Senegal pelo Trabalho, Ética e Fraternidade). 

Inspirado no intelectual senegalês Cheikh Anta Diop e no filósofo holandês Baruch Spinoza, Faye conseguiu provar em apenas dez dias de campanha que tem postura e liderança para assumir o cargo. 

Já Macky Sall, eleito pela primeira vez em 2012, deixará a presidência em 2 de abril. Seu segundo mandato foi marcado por uma forte instabilidade no país, além da prisão de opositores, como Ousmane Sonko, mentor de Faye. O anúncio do adiamento da eleição, inicialmente prevista para 25 de fevereiro, foi a gota d'água para a população. 

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