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Guerra na Faixa de Gaza entra no sexto mês e Hamas abandona negociações de trégua com Israel

A delegação do Hamas deixou nesta quinta-feira (7) a cidade do Cairo, onde estava desde domingo para participar nas negociações sobre uma trégua na Faixa de Gaza. O motivo é que as respostas de Israel "não atendem às exigências mínimas", segundo uma fonte do movimento palestino. Entre elas, um cessar-fogo definitivo e a retirada das tropas israelenses. A guerra entre Israel e Hamas entra hoje em seu sexto mês.

Tanque de guerra israelense realiza manobras na Faixa de Gaza
Tanque de guerra israelense realiza manobras na Faixa de Gaza © Amir Cohen / Reuters
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"Os mediadores decidirão quando as negociações serão retomadas", acrescentou um dos líderes do Hamas. Diante da situação humanitária catastrófica na região, os Estados Unidos, o Catar e o Egito tentaram negociar um acordo de trégua  antes do Ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos, que começa no início da próxima semana e deve dificultar as discussões.   

Representantes dos três países discutiam uma possível trégua de seis semanas com uma delegação do Hamas desde domingo, mas sem a presença de Israel.  Segundo Mahmoud Mardawi, outro líder do movimento, "a decisão está nas mãos de Washington" que deve decidir "se realmente quer pressionar Netanyahu e seu governo para chegar a um acordo".   

"Se Israel agir seriamente e não postergar sua decisão, é possível chegar a um acordo de cessar-fogo antes do início do Ramadã", no domingo ou na segunda-feira, disse à AFP.

As negociações começaram no domingo no Cairo, sem um representante israelense, e se concentraram em uma possível trégua de seis semanas e a libertação de reféns mantidos em Gaza em troca de palestinos detidos por Israel, além da entrada de mais ajuda no território palestino.

De acordo com o governo israelense, 130 reféns permanecem em Gaza, incluindo 31 que se acredita terem morrido, de um total estimado de 250 sequestrados em 7 de outubro.   

Mas o Hamas exige, antes de qualquer acordo sobre a libertação dos reféns, um cessar-fogo definitivo, a retirada das tropas israelenses de Gaza, a reconstrução do território e o retorno de centenas de milhares de civis deslocados pela guerra.   

Israel rejeita essas condições e garante que sua ofensiva continuará até que o Hamas seja eliminado. 

Palestinians carry bags of flour they grabbed from an aid truck near an Israeli checkpoint, as Gaza residents face crisis levels of hunger, amid the ongoing conflict between Israel and Hamas, in Gaza
Palestinians carry bags of flour they grabbed from an aid truck near an Israeli checkpoint, as Gaza residents face crisis levels of hunger, amid the ongoing conflict between Israel and Hamas, in Gaza City, February 19, 2024. REUTERS - Stringer

  

 

Bombardeios continuam

Enquanto isso, os bombardeios israelenses já mataram 83 pessoas na Faixa de Gaza em 24 horas, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.  No enclave sitiado por Israel, 2,2 milhões de pessoas, segundo a ONU, a grande maioria da população, correm risco de fome.   

A ajuda humanitária, que depende da aprovação de Israel, entra aos poucos na Faixa de Gaza, principalmente a partir do Egito. A situação é particularmente grave no norte, onde saques, combates e destruição tornaram quase impossível a distribuição de ajuda.

"Esse horror tem que acabar. Um cessar-fogo humanitário não pode esperar", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.   

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, pelo menos 20 civis, a maioria crianças, morreram de desnutrição e desidratação.  "Acreditamos que dezenas de pessoas estão morrendo silenciosamente de fome sem chegar aos hospitais", disse o porta-voz do ministério, Ashraf al-Qudra.   

A guerra começou em 7 de outubro após um ataque do Hamas no sul de Israel, que matou pelo menos 1.160 pessoas, a maioria civis.   

Em retaliação, Israel prometeu destruir o Hamas, que governa Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista, pelos Estados Unidos e a União Europeia.  

A ofensiva terrestre do Exército israelense, que teve início em 27 de outubro, até agora matou 30.800 pessoas em Gaza, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas.   

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, aumentaram a pressão parar obtenção de uma trégua e a China pediu na quinta-feira um "cessar-fogo imediato", chamando a guerra em Gaza de "vergonha para a civilização".     

Para alcançar a "vitória total", Israel anunciou que prepara uma ofensiva terrestre em Rafah, cidade localizada no extremo sul da Faixa de Gaza, contra a fronteira fechada com o Egito, onde, segundo a ONU, estão concentrados quase um milhão e meio de palestinos.

Tanques israelenses deixaram nesta semana o centro de Khan Younis, a poucos quilômetros ao norte de Rafah, após semanas de combates.    

Mais de 1.500 casas e edifícios, bem como centenas de lojas, foram "destruídos ou gravemente danificados", disse a Defesa Civil do Hamas, acrescentando que os soldados também destruíram "toda a água, esgoto, eletricidade, comunicações e redes rodoviárias".   

Reunião da ONU

De acordo com testemunhas, os combates continuaram na quinta-feira no norte, em Zeitoun, uma área da Cidade de Gaza, e no sul em Al-Shouka, uma aldeia perto de Rafah, bem como na parte ocidental de Khan Younis.

 Mais de 30 ataques israelenses na quinta-feira visaram Rafah e o bairro de Hamad, em Khan Younis, além do centro e o norte do território, de acordo com o serviço de imprensa do governo do Hamas.   

Diante das dificuldades de abastecimento terrestre, vários países, incluindo Estados Unidos, Jordânia e França, enviaram de paraquedas ajuda ao norte de Gaza, uma solução considerada insuficiente e perigosa por organizações humanitárias.   

A rota de abastecimento marítimo também está sendo explorada. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deve visitar o porto de Larnaca, no Chipre, o país da UE geograficamente mais próximo de Gaza, na sexta-feira.    O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir novamente na quinta-feira a portas fechadas para discutir a situação.

Com informações da AFP

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