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Jornalista palestino que perdeu toda a família em Gaza continua atuando direto do território em guerra

Os jornalistas de Gaza não são poupados pela guerra entre o Hamas e Israel. Uma das figuras que personifica esta luta pela informação é Wael al-Dahdouh, correspondente e chefe do escritório da Al Jazeera na Faixa de Gaza. Ele perdeu um filho, Hamza, também jornalista, em um ataque israelense no domingo (7).

O jornalista da Al Jazeera Wael al-Dahdouh perdeu a esposa, um neto e três filhos no conflito em Gaza.
O jornalista da Al Jazeera Wael al-Dahdouh perdeu a esposa, um neto e três filhos no conflito em Gaza. AP - Hatem Ali
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Wael al-Dahdouh desmaiou diante do corpo do filho. O homem, de 50 anos, já tinha perdido a mulher, dois outros filhos e um neto num bombardeamento israelense em outubro. 

“É verdade que o sofrimento é muito grande e a dor ainda maior”, comenta Wael. "O preço é muito, muito, muito alto, porque Hamza era tudo para mim. Ele era minha alma e meu oxigênio", disse. O filho prestou homenagem ao pai um dia antes de sua morte na rede social X.

Ao lado do corpo, como durante os funerais de seus outros familiares, o pai, de luto, ainda usa seu colete à prova de balas. Algumas horas depois ele já estava de volta ao trabalho. Apesar do sofrimento, o jornalista – ele próprio ferido num atentado à bomba –, num vídeo divulgado na rede social X, diz que está emocionado com a importância da sua missão.

“Este preço e esta dor certamente não nos impedirão de continuar neste caminho”, confirma Wael al-Dahdouh. Não hesitaremos e não pararemos um só momento enquanto estivermos vivos. Porque é uma mensagem humanitária nobre, sagrada e garantida por todas as leis e convenções internacionais e humanitárias."

No mundo árabe, onde muitos lares estão sintonizados na Al Jazeera, Wael al-Dahdouh tornou-se um símbolo de coragem e força. E com o acesso ao enclave, proibido a qualquer jornalista externo, este palestino é hoje uma das raras vozes que podem dizer ao mundo o que está acontecendo na Faixa de Gaza em guerra.

A Procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) confirmou que está investigando crimes cometidos contra jornalistas na sitiada Faixa de Gaza.

“Os jornalistas estão protegidos pelo direito humanitário internacional (…) e não devem, em circunstância alguma, ser alvos no exercício da sua importante missão”, lembrou nesta terça-feira o TPI, anunciando que incluiu, portanto, esta dimensão na sua investigação sobre crimes de guerra no enclave palestino.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu ao TPI que investigasse estes crimes. Ela contou pelo menos 79 jornalistas e outros profissionais da mídia mortos pelo Exército israelense desde o início da guerra em Gaza.

Ataque à ambulância mata socorristas

“Um ataque a uma ambulância (realizado) pelo Exército israelense em Deir el-Balah” deixou seis mortos. Entre eles, “quatro são socorristas do Crescente Vermelho palestino”, informou a organização na rede social X.

A Cruz Vermelha condenou o ataque, destacando que funcionários das organizações de apoio não deveriam ser alvos.

"Duas outras pessoas que estavam na ambulância no momento do ataque ficaram feridas e morreram mais tarde”, acrescentou o movimento.

A ambulância estava na rua Salaheddine, na entrada de Deir el-Balah, a principal artéria que atravessa a Faixa de Gaza de norte a sul. Procurado pela AFP, o Exército israelense não comentou o ataque.

"É inaceitável. Condeno veementemente esse assassinato", denunciou no X o secretário-geral da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), Jagan Chapagain.

"A proteção dos pacientes e cuidadores não é negociável. Eles nunca devem ser alvos", acrescentou.

Na manhã desta quarta-feira, o ministério da Saúde do Hamas disse que várias pessoas foram mortas num ataque israelense perto de um hospital no bairro de Deir el-Balah.

Mais de 120 ambulâncias foram destruídas e 326 profissionais de saúde foram mortos desde 7 de outubro em Gaza, segundo o ministério.

O sistema de saúde de Gaza já está de joelhos e o pessoal da saúde, tal como os trabalhadores humanitários, estão continuamente bloqueados nos seus esforços para salvar vidas por causa das hostilidades”, denunciou na semana passada o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, reagindo ao bombardeio das instalações do Crescente Vermelho em Khan Younes (sul).

(Com RFI e AFP)

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