"Nossos bairros foram varridos da face da terra": o testemunho dos palestinos que tentam voltar para casa
Trinta e nove prisioneiros palestinos, todos mulheres ou crianças, foram libertados das prisões nesta sexta-feira (24) pelas autoridades israelenses em troca de reféns israelenses libertados pelo Hamas, informou o Prisoners' Club, uma ONG que defende os prisioneiros palestinos. No contexto do conflito, a RFI entrevistou mulheres e homens que tentam voltar para casa, na Palestina ocupada.
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Jornalistas da agência AFP viram ônibus saindo da prisão israelense de Ofer, na Cisjordânia ocupada, para onde os prisioneiros foram transferidos, com o objetivo de serem libertados.
Vinte e oito deles foram levados para a Cisjordânia, enquanto outros onze foram levados para Jerusalém Oriental ocupada, disse a Prisoners' Club.
O grupo incluía 15 menores e 24 mulheres, de acordo com a lista divulgada pela Comissão de Prisioneiros da Autoridade Palestina. As autoridades prisionais israelenses confirmaram a libertação de 39 palestinos de "três prisões", duas na Cisjordânia ocupada, e uma em Israel.
"Quando voltamos, ficamos surpresos com a extensão dos danos em nosso bairro, abou tahiima. Encontramos vários mísseis que não haviam explodido, o que representava um perigo real para nossas vidas. Você não pode imaginar o horror da destruição", diz um dos jovens palestinos, entrevistados pela RFI no local.
"Nossos bairros foram varridos da face da terra - a destruição é imensa, mais de 90% das casas foram completamente destruídas", conta um outro. Segundo uma palestina, "não encontramos nossas casas para nos proteger. É inimaginável, não há para onde ir. A extensão dos danos é indescritível. Sem casa, sem eletricidade, sem água, sem pão, nada. Temos que voltar para a escola novamente", relatou à reportagem.
"Eu queria ver minha casa e ver se podia pegar alguns brinquedos para as crianças, que ficam repetindo que não temos mais uma casa. Esperamos que a trégua seja estendida porque estamos exaustos e que Deus abençoe nossos mortos", afirmou uma segunda mulher, do mesmo grupo.
Primeiro grupo de palestinos a ser libertado
Malak Salman, 23 anos, foi presa a caminho da escola há sete anos por tentar esfaquear um policial em Jerusalém. Ela estava na prisão desde fevereiro de 2016 e foi condenada a nove anos de prisão.
Ela voltou para sua casa no bairro de Beit Safafa, na Jerusalém Oriental ocupada, sob escolta policial.
"A polícia está em nossa casa e está impedindo que as pessoas venham nos ver", disse sua mãe, Fatna Salman, à AFP. No início do dia, a polícia israelense anunciou que estava proibindo todas as comemorações dos prisioneiros libertados em Jerusalém.
"Minha filha está fraca, não come desde ontem", disse ela.
(Com RFI e AFP)
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