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"Nossos bairros foram varridos da face da terra": o testemunho dos palestinos que tentam voltar para casa

Trinta e nove prisioneiros palestinos, todos mulheres ou crianças, foram libertados das prisões nesta sexta-feira (24) pelas autoridades israelenses em troca de reféns israelenses libertados pelo Hamas, informou o Prisoners' Club, uma ONG que defende os prisioneiros palestinos. No contexto do conflito, a RFI entrevistou mulheres e homens que tentam voltar para casa, na Palestina ocupada.

Um ônibus da Cruz Vermelha espera do lado de fora da prisão militar de Ofer, em Israel, perto de Ramallah, em 24 de novembro de 2023, como parte do acordo entre Israel e o Hamas para libertar reféns israelenses e prisioneiros palestinos.
Um ônibus da Cruz Vermelha espera do lado de fora da prisão militar de Ofer, em Israel, perto de Ramallah, em 24 de novembro de 2023, como parte do acordo entre Israel e o Hamas para libertar reféns israelenses e prisioneiros palestinos. REUTERS - AMMAR AWAD
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Jornalistas da agência AFP viram ônibus saindo da prisão israelense de Ofer, na Cisjordânia ocupada, para onde os prisioneiros foram transferidos, com o objetivo de serem libertados.

Vinte e oito deles foram levados para a Cisjordânia, enquanto outros onze foram levados para Jerusalém Oriental ocupada, disse a Prisoners' Club.

O grupo incluía 15 menores e 24 mulheres, de acordo com a lista divulgada pela Comissão de Prisioneiros da Autoridade Palestina. As autoridades prisionais israelenses confirmaram a libertação de 39 palestinos de "três prisões", duas na Cisjordânia ocupada, e uma em Israel.

"Quando voltamos, ficamos surpresos com a extensão dos danos em nosso bairro, abou tahiima. Encontramos vários mísseis que não haviam explodido, o que representava um perigo real para nossas vidas. Você não pode imaginar o horror da destruição", diz um dos jovens palestinos, entrevistados pela RFI no local.

"Nossos bairros foram varridos da face da terra - a destruição é imensa, mais de 90% das casas foram completamente destruídas", conta um outro. Segundo uma palestina, "não encontramos nossas casas para nos proteger. É inimaginável, não há para onde ir. A extensão dos danos é indescritível. Sem casa, sem eletricidade, sem água, sem pão, nada. Temos que voltar para a escola novamente", relatou à reportagem.

"Eu queria ver minha casa e ver se podia pegar alguns brinquedos para as crianças, que ficam repetindo que não temos mais uma casa. Esperamos que a trégua seja estendida porque estamos exaustos e que Deus abençoe nossos mortos", afirmou uma segunda mulher, do mesmo grupo.

Primeiro grupo de palestinos a ser libertado

Malak Salman, 23 anos, foi presa a caminho da escola há sete anos por tentar esfaquear um policial em Jerusalém. Ela estava na prisão desde fevereiro de 2016 e foi condenada a nove anos de prisão.

Ela voltou para sua casa no bairro de Beit Safafa, na Jerusalém Oriental ocupada, sob escolta policial.

"A polícia está em nossa casa e está impedindo que as pessoas venham nos ver", disse sua mãe, Fatna Salman, à AFP. No início do dia, a polícia israelense anunciou que estava proibindo todas as comemorações dos prisioneiros libertados em Jerusalém.

"Minha filha está fraca, não come desde ontem", disse ela.

(Com RFI e AFP)

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