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Erdogan acusa Israel de “crimes de guerra” e diz que Ocidente é “principal culpado de massacre em Gaza”

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou no sábado (28) que o Ocidente é “o principal culpado dos massacres em Gaza” e acusou Israel de cometer “crimes de guerra”. Num discurso agressivo, o chefe de Estado turco desafiou as potências ocidentais, responsabilizando-as por "criarem uma atmosfera de cruzadas" contra os muçulmanos. Israel convocou seus diplomatas da Turquia para “reavaliar as relações” entre os dois países, após as críticas.  

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan discursa para milhares de pessoas durante um comício para mostrar solidariedade à Palestina, em Istambul, Turquia, sábado, 28 de outubro de 2023.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan discursa para milhares de pessoas durante um comício para mostrar solidariedade à Palestina, em Istambul, Turquia, sábado, 28 de outubro de 2023. AP - Emrah Gurel
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"Os principais culpados dos massacres em Gaza são os ocidentais. Com exceção de algumas consciências que levantaram a voz, (estes) massacres são totalmente obra do Ocidente", lançou o chefe de Estado, durante uma manifestação em apoio à Palestina que reuniu milhares de pessoas no antigo aeroporto Atatürk, em Istambul.

 “Pergunto ao Ocidente: vão criar uma nova atmosfera de cruzadas contra o Crescente?”, emblema da religião muçulmana, insistiu. “Todos sabem que Israel não pode dar um passo sem eles”, continuou criticando as grandes potências ocidentais por não terem exigido um cessar-fogo. “Vocês lamentaram as crianças mortas na Ucrânia, por que este silêncio diante das crianças mortas em Gaza?”, disse.

"Israel comete abertamente crimes de guerra há 22 dias, mas os líderes ocidentais nem sequer são capazes de exigir de Israel um cessar-fogo, quem dirá reagir", declarou diante da multidão durante um discurso de uma hora.

Erdogan também acusou Israel de “crimes de guerra” e reafirmou que o Hamas não era uma organização terrorista. “Israel, iremos declará-lo perante o mundo inteiro um criminoso de guerra”, disse. “Israel, vocês são os ocupantes, os invasores.”

"É claro que todos os países têm o direito de se defender, mas onde está a justiça? O que está acontecendo em Gaza não é autodefesa, mas sim um massacre", continuou o presidente turco.

Diplomatas convocados

As declarações de Erdogan levaram Israel a chamar de volta os seus diplomatas na Turquia. “Dadas as graves declarações vindas da Turquia, ordenei a retirada dos representantes diplomáticos para reavaliar as relações entre Israel e a Turquia”, publicou Eli Cohen na rede social X (antigo Twitter).

O partido no poder no país, o AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), afirmou que mais de um milhão de pessoas participaram do comício.

A Turquia condenou o ataque do Hamas em 7 de outubro no sul de Israel, que deixou 1.400 israelenses mortos, a maioria deles civis, mas o presidente turco chamou esta semana os membros do Hamas de “combatentes da liberdade”.

Reforçar base

De acordo com analistas, Erdogan estaria se esforçando para atrair sua base política conservadora às vésperas do centenário da secular República da Turquia. “O simbolismo é claro, e ninguém na Turquia ignora, que a manifestação pró-Palestina provavelmente ofuscará as comemorações do centenário da República secular”, disse Asli Aydintasbas, pesquisadora associada da Brookings Institution, um think tank com sede em Washington.

Segundo ela, os comentários de Recep Tayyip Erdogan sobre o Hamas refletem uma posição de longa data de Ancara, mas o chefe de Estado procura tirar partido do sentimento anti-israelense atual em todo o país e “consolidar a ala sunita conservadora da Turquia”.

Sinan Ulgen, antigo diplomata turco e diretor do Centro de Estudos Econômicos e Política Externa, um think tank com sede em Istambul, também observa que o agravamento da crise humanitária em Gaza e a pressão de seus aliados políticos estão levando o presidente turco a endurecer sua retórica.

Os líderes dos partidos nacionalistas e islâmicos aliados do chefe de estado - que o ajudaram a vencer uma eleição acirrada, em maio - estiveram presentes no comício.

(Com informações da AFP)

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