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Para imprensa francesa, Netanyahu e extrema direita de Israel ficam fragilizados pelo Hamas

A imprensa francesa repercute nesta segunda-feira (9) a nova guerra entre Israel e os movimentos radicais palestinos. Em seu editorial, o jornal Le Figaro diz que "a humanidade e o mundo civilizado não precisavam de outro 11 de setembro", referindo-se aos atentados cometidos pela rede terrorista Al Qaeda em 2001, nos Estados Unidos.

Mesquita destruída por bombardeio de retaliação israelense à Faixa de Gaza, após combatentes do Hamas executarem operação inesperada em áreas do sul de Israel.
Mesquita destruída por bombardeio de retaliação israelense à Faixa de Gaza, após combatentes do Hamas executarem operação inesperada em áreas do sul de Israel. AFP - MOHAMMED ABED
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Mas foi exatamente isso o que aconteceu no sábado (7), com o "selvagem" ataque do Hamas a Israel. "Surpresa, horror, carnificina, onda de choque devastadora: haverá um antes e um depois do 7 de outubro de 2023", constata o diário conservador francês.

Para o Le Figaro, "50 anos após a Guerra do Yom Kippur, que Israel quase perdeu, e 30 após a assinatura dos Acordos de Oslo, que tornaram possível sonhar com a paz, o Oriente Médio está de volta ao 'marco zero', aquele ponto de impacto onde só restam ruínas". Na avaliação do jornal, "os islamitas palestinos conseguiram superar a barreira de alta tecnologia que os confinava à estreita Faixa de Gaza, para levar a guerra ao solo de Israel". Provavelmente, eles tentarão trocar a centena de reféns israelenses pelos 4.500 palestinos detidos no Estado hebreu. "É um fracasso colossal dos serviços de inteligência e defesa de Israel", sublinha o veículo francês.

Em seu editorial, o jornal Libération adota o mesmo tom, acrescentando que a hora do acerto de contas virá depois da hora da retaliação. Na opinião do jornal progressista, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falhou e promete uma retaliação "poderosa e prolongada", o que o coloca diante da tentação de alto risco de uma reocupação de Gaza, defendida por seus aliados políticos. Mas será que o Hamas, que está esperando por isso, não teria preparado outra armadilha para ele [Netanyahu]?", questiona o Libé

O jornal recorda que o Hamas nega qualquer vínculo judaico com a Terra Santa e considera Israel como um posto avançado colonial no coração do mundo islâmico, que deve ser destruído. "Esse discurso está alinhado a um fervoroso ódio contra Israel, alimentado pelo fato de que cerca de três quartos da população da Faixa de Gaza são refugiados ou descendentes de refugiados que perderam suas casas no que se tornou Israel em 1948."

Hamas rejeita "paz econômica" em Gaza

O Le Monde procura analisar as razões que levaram o Hamas a promover o ato de guerra mais sangrento da história desde a criação de Israel.  

Segundo o jornal, nos últimos dias, o movimento vinha sofrendo pressão de sua base, já que peregrinos judeus foram rezar na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém (o Monte do Templo para os judeus), sob proteção policial, durante o feriado religioso de Sucot, "o que se tornou uma violação agora comum do status quo que rege os locais sagrados", explica o Le Monde.

O Hamas também estava ansioso para reagir à violência perpetrada pelo Exército e pelos colonos na Cisjordânia ocupada, onde a extrema direita israelense, dentro do governo de Benjamin Netanyahu, está adotando uma política de anexação. "Esses fundamentalistas messiânicos estão tentando destruir a Autoridade Palestina sob o comando do presidente palestino, Mahmoud Abbas", diz o Monde. A extrema direita israelense prevê abertamente a possibilidade de uma "transferência" – uma limpeza étnica de parte dos territórios ocupados, aponta o veículo. 

Para o jornal francês, o fracasso da inteligência israelense em prever o ataque de sábado parece estar associado a um erro de análise. "Pela segunda vez desde maio de 2021, Israel não previu que o Hamas se recusaria a se deixar confinar em seu papel de administrador da prisão a céu aberto que se tornou a Faixa de Gaza", escreve o correspondente em Jerusalém.

Com este ataque, "o Hamas prova que não desistiu de fazer política com armas, nem de correr grandes riscos, e que não está satisfeito com a relativa 'paz econômica' que Israel lhe ofereceu", ao distribuir mais de 17.000 permissões de trabalho em território israelense para os habitantes de Gaza e admitir que o Qatar oferecesse US$ 30 milhões mensais" para a gestão do enclave confinado.

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