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Face a protestos, Fundação Nobel não convida embaixadores da Rússia, Belarus e Irã para cerimônia

Embora tenha considerado, a princípio, convidar embaixadores da Rússia, Belarus e Irã para sua próxima cerimônia de entrega de prêmios, a Fundação Nobel recuou em sua decisão, e os representantes destes três países não estarão entre os presentes no evento em Estocolmo. A comissão informa, em um comunicado publicado neste sábado (2), que, face à indignação causada pelos convites, “repete a medida excepcional do ano passado”.

Cerimônia de entrega do Prêmio Nobel, em Estocolmo, Suécia, em 10 de dezembro de 2022.
Cerimônia de entrega do Prêmio Nobel, em Estocolmo, Suécia, em 10 de dezembro de 2022. AP - Pontus Lundahl
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O anúncio dos convites havia acontecido na quinta-feira (31), quando a fundação afirmou que retornaria à tradição de incluir diplomatas de todos os países representados na Suécia na cerimônia, prevista para o próximo dia 10 de dezembro.

Na última edição do evento, no ano passado, estes três países não foram representados, devido à guerra liderada por Moscou e Minsk na Ucrânia, e também em resposta à violenta repressão de Teerã às manifestações que tomaram seu país.

Mas frente ao forte sentimento de indignação popular motivado pelos convites para a edição de 2023, que a Fundação Nobel reconsiderou a decisão. “Optamos por reiterar a medida excepcional do ano passado, ou seja, não convidar os embaixadores da Rússia, Belarus e Irã para a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel em Estocolmo”, explica o comunicado.

“Sentimento de impunidade”

A fundação acrescenta que “é importante divulgar o máximo possível os valores e mensagens que o Prêmio Nobel representa”, mas que as reações “mudaram completamente esta mensagem”.

Antes desta reviravolta, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristersson, já havia se oposto à presença dos embaixadores da Rússia, Belarus e Irã no evento em Estocolmo, enquanto a Ucrânia, por meio de seu Ministério de Assuntos Estrangeiros, denunciava “um crescente sentimento de impunidade” do poder russo. Diversos grupos políticos suecos declararam que boicotariam a cerimônia se a Rússia fosse convidada.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, saudou a decisão final da Fundação Nobel: “É uma vitória do humanismo. Agradecemos a todos aqueles que exigiram a restauração da justiça”.

“Inimigo do povo”

O comitê do Nobel responsável pelo prêmio da paz criticou as autoridades russas por “tentarem silenciar” o jornalista Dmitry Muratov, depois que Moscou o adicionou à sua lista de “agentes estrangeiros” na sexta-feira (1°).

“Dmitry Muratov recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2021 pelos seus esforços em favor da liberdade de expressão, da liberdade de informação e do jornalismo independente. É lamentável que as autoridades russas estejam agora tentando silenciá-lo. As acusações contra ele têm motivação política”, lamentou Berit Reiss-Andersen, presidente do comitê norueguês do Nobel.

Em sua decisão, o Ministério da Justiça russo alega que Muratov supostamente “utilizou plataformas estrangeiras para divulgar opiniões destinadas a formar uma atitude negativa em relação à política externa e interna da Federação Russa”.

Em seu discurso, quando recebeu o Nobel, o jornalista comparou esta classificação, de “agente estrangeiro”, com a de “inimigo do povo”, que data da era estalinista.

(Com informações da AFP)

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