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Incêndio em ocupação ilegal de prédio em Joanesburgo mata mais de 70, incluindo crianças

Dezenas de adultos e crianças morreram num incêndio durante a noite de quarta (30) para quinta-feira (31) num edifício em Joanesburgo, África do Sul, sendo que o último relatório indica 73 mortos.

Corpos de vítimas de incêndio em prédio de ocupação ilegal em Joanesburgo (31/08/23).
Corpos de vítimas de incêndio em prédio de ocupação ilegal em Joanesburgo (31/08/23). AP - Jerome Delay
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O desastre está entre os incêndios em edifícios mais mortíferos em pelo menos vinte anos, com um número de vítimas que ultrapassa o da Torre Grenfell (72 mortos), um edifício de habitação social de 24 andares que incendiou em junho de 2017, em Londres.

A causa da tragédia ainda não é conhecida, mas um membro do Comitê de Segurança Pública da prefeitura da cidade, Mgcini Tshwaku, disse que o uso de velas era a causa provável.

“Dentro do próprio edifício havia uma porta (de segurança) fechada e as pessoas não conseguiam sair”, disse Mgcini Tshwaku. “Muitos corpos queimados foram encontrados atrás desta porta.”

O incêndio, o mais grave registado na África do Sul, devastou um edifício de quatro andares numa zona desfavorecida do antigo bairro empresarial de Johanesburgo, centro econômico da África do Sul.

“O último dado indica que temos agora 73 mortos e 52 feridos transportados para várias unidades de saúde”, disse o porta-voz dos Serviços de Gestão de Emergências, Robert Mulaudzi.

Pelo menos sete crianças, incluindo uma com menos de dois anos, já faziam parte do número divulgado anterioremente de 64 mortos.

Habitação ilegal

Os feridos, alguns dos quais inalaram fumaça, foram levados a hospitais para tratamento, disse ele.

O edifício, que já abrigou um centro para mulheres deslocadas, foi transformado em habitação ilegal após ter sido abandonado, disseram autoridades municipais.

O incêndio foi apagado na manhã de quinta-feira, mas as operações de busca e recuperação de vítimas continuaram.

“Vamos de andar em andar” para fazer isso, explicou Mulaudzi anteriormente a um canal de televisão local.

Um jornalista da AFP presente no local assistiu pela manhã à saída dos corpos carbonizados do prédio, que foram colocados, pelas equipes de resgate, na rua sob lençóis ou cobertores.

Fugindo das chamas

“Estou grato por estar vivo, éramos muitos correndo, tentando encontrar a saída de emergência e muita gente acabou morrendo por inalação de fumaça”, disse Kenny Bupe, que estava visitando um amigo quando o incêndio começou.

O jovem de 28 anos disse à AFP que fazia parte de um grupo que conseguiu forçar a abertura de uma porta de emergência trancada e correr para um lugar seguro, enquanto outros pularam das janelas para se salvar.     

A polícia, no local, isolou o prédio, em frente ao qual estavam estacionados ambulâncias e caminhões de bombeiros.

Os paramédicos ajudaram os sobreviventes, alguns visivelmente machucados e com dores, enquanto duas mulheres de uma rua próxima se consolavam chorando. “Este é um dia triste para a cidade de Joanesburgo. Em mais de 20 anos de serviço, nunca vi nada assim”, disse Robert Mulaudzi. “Muitas pessoas” ficaram presas lá dentro quando o incêndio começou, estimou.

No edifício vermelho e branco com janelas queimadas, foram instaladas mais de “80 cabines”, segundo estimativas das autoridades.

 “O incêndio propagou-se muito rapidamente, afetando diferentes níveis do edifício, devido aos materiais combustíveis utilizados”, explicou Robert Mulaudzi.

A ocupação ilegal de edifícios abandonados no centro de Johanesburgo é generalizada,  muitos deles estão sob o controle de organizações criminosas que cobram aluguéis aos ocupantes.

Em dezembro passado, a explosão de um caminhão-cisterna matou 34 pessoas, enquanto em junho, chamas devastaram um edifício em ruínas na cidade e mataram duas crianças com menos de 10 anos trancadas num apartamento.

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