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China registra primeiras mortes desde fim das restrições contra a Covid-19; vítimas são subestimadas

A China registrou suas primeiras mortes por coronavírus nesta segunda-feira (19), desde que flexibilizou as rígidas medidas no âmbito de sua política de "Covid zero". Hospitais e crematórios de Pequim começam a ficar sobrecarregados por uma onda sem precedentes de casos da infecção respiratória.

Uma médica recolhe amostras para um teste de Covid-19, de uma trabalhadora da Foxconn factory em Wuhan, na China em 5 de agosto de 2001.
Uma médica recolhe amostras para um teste de Covid-19, de uma trabalhadora da Foxconn factory em Wuhan, na China em 5 de agosto de 2001. AP
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O gigante asiático deu uma guinada radical no início de dezembro e suspendeu a maior parte das restrições sanitárias. As medidas estavam em vigor há quase três anos, desde quando os primeiros casos de coronavírus foram detectados na cidade de Wuhan (centro).

Após o levantamento das restrições, a epidemia de Covid-19 explodiu no país. Mas seu alcance é "impossível" de determinar, admitem as autoridades chinesas, agora que os testes de rastreamento não são mais obrigatórios. Especialistas temem que o país esteja mal preparado para a onda de infecções relacionadas a essa reabertura, enquanto milhões de idosos e pessoas vulneráveis ainda não foram vacinados.

Nesta segunda-feira (19), as autoridades relataram a morte de dois pacientes em Pequim, os únicos até agora desde que as restrições foram suspensas em 7 de dezembro, segundo dados oficiais. Desde então, a capital e seus 22 milhões de habitantes foram particularmente afetados por uma onda de contágio que se alastrou rapidamente nos últimos dias.

As mortes em hospitais estão em alta, os crematórios ficam cada vez mais sobrecarregados, e faltam remédios para gripe nas farmácias.

"Os números (oficiais) não contam toda história", observou Leong Hoe Nam, especialista em doenças infecciosas de Singapura, que disse esperar um número muito maior de doentes e óbitos. Segundo ele, alguns hospitais estão lotados e não podem receber novos pacientes, enquanto a importância da Covid-19 pode ter sido minimizada pelos profissionais de saúde.

Como resultado, se alguém morrer "de um ataque cardíaco após o estresse de uma infecção" de Covid-19, "então, o ataque cardíaco será a principal causa (retida) da morte, mesmo que o coronavírus seja a causa subjacente", explicou Leong à agência AFP.

Três ondas durante o inverno

Desde o levantamento das restrições, as autoridades têm procurado tranquilizar a população. Contrariando o discurso oficial desde o início da pandemia, e apesar do alto nível de contágio do vírus, agora afirmam que ele é benigno. As variantes da ômicron, menos letais, deram ao governo chinês a possibilidade de flexibilizar as medidas restritivas. O problema persistente, no entanto, é a vacinação insuficiente da população, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos de idade. 

O município-província de Chongqing (sudoeste) e a província de Zhejiang, que faz fronteira com Xangai, decidiram que as pessoas com sintomas leves podem "continuar trabalhando", desde que tomem "medidas de proteção".

Um dos principais epidemiologistas do país, Wu Zunyou, alertou que a China enfrenta "a primeira de três ondas" de Covid-19 esperadas para este inverno (verão no Brasil).

Espera-se que a onda atual dure até meados de janeiro, afetando principalmente as cidades, antes que as viagens relacionadas ao feriado do Ano Novo Lunar (22 de janeiro) desencadeiem uma segunda onda em fevereiro.

O terceiro pico ocorrerá entre o final de fevereiro e meados de março, quando as pessoas infectadas durante as férias retornarem para seus locais de trabalho, disse Wu ao jornal econômico Caijing.

Com informações da AFP

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