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Irã: comerciantes fecham as portas em dia de greve e homenagens aos mortos pela repressão

Muitas lojas fecharam as portas no Irã, nesta terça-feira (15), em razão de uma greve convocada pelos organizadores dos protestos pela morte da jovem Mahsa Amini. A data marca o terceiro aniversário da repressão mortal às grandes manifestações pelo aumento dos preços dos combustíveis.

Os iranianos se manifestam nessa terça-feira (15) quando uma greve foi convocada no país.
Os iranianos se manifestam nessa terça-feira (15) quando uma greve foi convocada no país. © Réseaux sociaux
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Os comerciantes não trabalharam no Grande Bazar de Teerã, assim como nas cidades de Kerman (sudeste), Mahabad (noroeste), Shiraz (sul) e Yazd (centro), de acordo com vídeos publicados pela mídia online 1500tasvir.

A homenagem aos manifestantes mortos em novembro de 2019 acontece em meio a protestos que abalam a República Islâmica desde a morte, há dois meses, de Mahsa Amini, uma curda-iraniana de 22 anos presa por supostamente violar o código de vestimentas que obriga as mulheres a usarem o véu islâmico em público.

“Morte ao ditador”

Desde a morte de Amini, jovens ativistas iranianos tem saido às ruas em muitas cidades, incluindo Teerã, Ahvaz (oeste), Isfahan (centro), Mashhad (nordeste) e Tabriz (noroeste). “Começaremos com escolas de ensino médio, universidades e mercados e continuaremos com comícios nos bairros para chegar às principais praças das cidades”, disseram os ativistas em um apelo publicado online.

“Morte ao ditador”, gritavam manifestantes em uma estação de metrô de Teerã, ecoando o slogan direcionado ao líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, de acordo com outro vídeo online.

Metalúrgicos que aderiram à greve se reuniram em um estacionamento em Isfahan, como mostra um outro vídeo compartilhado pelo 1500tasvir. A AFP não conseguiu verificar imediatamente a autenticidade desses vídeos.

De acordo com a ONG de direitos curdos iranianos Hengaw, com sede em Oslo, paralisações foram observadas na maior parte da província do Curdistão (oeste), de onde Mahsa Amini era originária.

Tudo começou com o preço dos combustíveis      

A data marca o terceiro aniversário de um evento trágico para o país. Manifestações desencadeadas em novembro de 2019 pelo aumento dos preços dos combustíveis acabaram em violência e uma repressão sangrenta nas ruas de muitas cidades do país. Postos de polícia foram atacados, lojas saqueadas, bancos e postos de gasolina incendiados.

Segundo a Anistia Internacional, pelo menos 304 pessoas foram mortas. E de acordo com depoimentos de especialistas, relatados no final de setembro em um tribunal de Londres, o total de mortos era provavelmente muito maior, podendo chegar a 1.515.

A revolta provocada pela morte de Mahsa Amini, em 16 de setembro, acendeu os protestos no Irã e se transformaram em um vasto movimento contra o regime que governa o país desde a revolução islâmica de 1979.

Até agora, pelo menos 326 manifestantes foram mortos na repressão ao movimento, de acordo com um relatório divulgado no sábado pela Iran Human Rights (IHR), uma ONG com sede em Oslo.

O número inclui pelo menos 123 pessoas mortas desde 30 de setembro na província de Sistão-Baluchistão (sudeste), em manifestações provocadas pelo suposto estupro de uma jovem por um policial.

Apesar de uma violenta repressão a manifestantes, em grande parte pacíficos, os protestos não dão sinais de diminuir, de acordo com ONGs de direitos humanos, que denunciam uma campanha de prisões em massa, incluindo ativistas, jornalistas e advogados.

Sanções europeias

Nesta terça-feira, o Irã criticou fortemente as novas sanções europeias contra autoridades do país e anunciou que se reserva o direito de responder a elas "com força".

Na segunda-feira (14), a União Europeia anunciou novas sanções contra 29 autoridades iranianas, incluindo o ministro do Interior Ahmad Vahidi, e três instituições, entre elas o canal público Press TV, acusadas ​​de transmitir "confissões forçadas" de detidos durante a repressão aos protestos pela morte de Mahsa Amini.

(Com informações da AFP)

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