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Israel: Netanyahu se aproxima de uma vitória nas eleições legislativas graças à extrema direita

O ex-primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve ser anunciado como o vencedor das eleições legislativas israelenses, graças ao apoio da extrema direita. Os resultados, que serão anunciados nesta quarta-feira (2), ainda podem sofrer uma reviravolta em função dos assentos obtidos pelos pequenos partidos.

O ex primeiro-ministrp Benjamin Netanyahu saúda seus eleitores em Ashkelon no dia 1° de novembro de 2022.
O ex primeiro-ministrp Benjamin Netanyahu saúda seus eleitores em Ashkelon no dia 1° de novembro de 2022. AP - Tsafrir Abayov
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Até o momento, o partido Likud, de Netanyahu, da direita, tem entre 30 e 32 cadeiras das 120 no Parlamento, seguido pela formação centrista Yesh Atid, do atual primeiro-ministro Yair Lapid, que deve ficar com entre 22 ou 23 assentos. 

De acordo com a projeções divulgadas na manhã desta quarta-feira pelas mídias israelenses, os aliados de Netanyahu da extrema direita, Bezalel Smotrich e Itamar Ben Gvir - ícone do Sionismo Religioso - chegariam em terceiro lugar, obtendo entre 13 e 15 cadeiras. Se os resultados forem confirmados, os ultraconservadores conseguiriam o dobro de assentos que têm atualmente no Parlamento israelense. 

Desta forma, junto com os aliados, o Likud ficaria com 62 cadeiras, uma a mais que a maioria. No entanto, existem possibilidades que os resultados mudem, dependendo da performance dos partidos menores.

"Tenho experiência, participei de algumas eleições, devemos esperar os resultados definitivos. Mas o Likud está no bom caminho, estamos próximos de uma grande vitória", declarou Netanyahu na noite de terça-feira (1°) a seus partidários reunidos em Jerusalém. 

Volta de Netanyahu

Netanyahu foi o primeiro-ministro que esteve no comando do país por mais tempo, de 1996 a 1999 e de 2009 a 2021. Sua volta ao poder e sua aproximação da extrema direita divide opiniões em Israel. Para o ex-ministro da Justiça e ex-membro do Likud, Gideon Saar, o país se dirige para uma "coalizão de extremistas". Já o primeiro-ministro palestino, Mohammed Shtayyeh, avalia "a ascensão dos partidos de extrema direita religiosa (...) é o resultado do extremismo crescente e do racismo na sociedade israelense".

Já os simpatizantes de Netanyahu comemoram sua volta ao poder. "A maioria da população quer que a direita esteja no poder, a direita é majoritária em Israel", diz Yossef Wiezman, um eleitor de 22 anos. 

Um dos líderes da extrema direita israelense, Itamar Ben Gvir, aproveita da polarização da sociedade para difundir o discurso da falta de segurança nas ruas. Ele defende, por exemplo, o uso da força contra os palestinos em Jerusalém oriental e na Cisjordânia ocupada.

Representatividade dos partidos árabe-israelenses está comprometida  

No sistema proporcional israelense, as listas eleitorais devem obter pelo menos 3,25% dos votos para chegar ao Parlamento com um mínimo de quatro assentos. Abaixo deste limite, os partidos ficam sem representação. Isto põe em risco a representatividade dos partidos árabe-israelenses, que em 2020 se apresentaram sob uma lista única e obtiveram um resultado recorde de 15 assentos. Mas, desta vez se apresentam dispersos em três candidaturas: Raam (islamita moderado), Hadash-Taal (laico) e Balad (nacionalista).   

Segundo as pesquisas de boca de urna, os partidos Raam e Hadash-Taal superariam o limite de 3,25%, enquanto o partido Balad se aproximaria. Se conseguir, faltariam cadeiras para o "bloco de direita" de Netanyahu, o que dificultaria a formação de um governo.

"Confiamos em alcançar este limite", reagiu o Balad em nota, afirmando ter visto um aumento da participação dos eleitores árabes nas últimas horas antes do fechamento das seções. 

Forte participação do eleitorado

Os israelenses foram votar em massa nessas que são as quintas eleições legislativas em menos de quatro anos no país, com um Netanyahu determinado a voltar ao poder, apesar de ser julgado por corrupção. A classe política multiplicou ao longo do dia os apelos aos 6,8 milhões de eleitores a votar, o que parece ter dado certo, com uma participação de 71,3% - a mais alta desde 2015, segundo a Comissão Eleitoral.

Frente ao "bloco de direita", de Netanyahu, Yair Lapid, de 58 anos, primeiro-ministro desde julho, tentou convencer os eleitores de manter o rumo dos últimos meses com sua coalizão, formada por partidos de esquerda, centro, direita e árabes. O grupo tirou Netanyahu do poder em junho de 2021, mas um ano depois perdeu a maioria na Câmara pela saída dos deputados da direita, resultando na convocação de eleições antecipadas.   

A votação ocorre em um contexto de tensão na Cisjordânia ocupada, após uma série de ataques anti-israelenses de palestinos, sobretudo no primeiro semestre deste ano. Desde então, mais de duas mil operações militares israelenses foram realizadas neste território palestino, ocupado desde 1967. Nos últimos meses, mais de 120 palestinos morreram nessas operações, o pior balanço em sete anos. 

(Com informações da AFP

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