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Macron defende diálogo com Putin e "independência" da França sobre tensão entre China e EUA

O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu nesta quinta-feira (1°) sua política de manter o diálogo com a Rússia após a invasão da Ucrânia, como um meio de "preparar a paz" e impedir que a Turquia seja o único interlocutor de Moscou. O líder também ressaltou que a França "pode não escolher" um lado diante do aumento das tensões entre China e Estados Unidos sobre Taiwan.

Emmanuel Macron discursou mais de duas horas aos embaixadores franceses, em encontro no Palácio do Eliseu. (01/09/2022)
Emmanuel Macron discursou mais de duas horas aos embaixadores franceses, em encontro no Palácio do Eliseu. (01/09/2022) REUTERS - POOL
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Macron recebeu a diplomacia francesa no Palácio do Eliseu, em Paris, e discursou sobre a política externa do país.

"Quem quer que a Turquia seja a única potência mundial que continua falando com a Rússia?", perguntou o presidente. Desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, em fevereiro, Macron manteve o diálogo com o russo Vladimir Putin, apesar de condenar firmemente a guerra. Após uma pausa de três meses, os dois líderes voltaram a conversar em 19 de agosto.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que tem um relacionamento tenso com o colega francês, desempenhou um papel ativo de mediador no conflito, encontrando-se pessoalmente com Putin e o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"Paz negociada"

"O trabalho de um diplomata é falar com o mundo inteiro, especialmente com pessoas de quem discordamos. E continuaremos fazendo isso, em coordenação com nossos aliados", acrescentou Macron em seu discurso de mais de duas horas.

O chefe de Estado francês defendeu que as potências mundiais devem agora se preparar para uma "paz negociada" para pôr fim ao conflito e que cabe a Kiev decidir o momento e as condições. "Devemos nos preparar para uma longa guerra", acrescentou Macron. "Preparar-se para a paz significa falar com todas as partes, incluindo, como fiz há alguns dias e voltarei a fazer, a Rússia."

O presidente francês argumentou que a ajuda militar de países ocidentais à Ucrânia permitiu ao país resistir à ofensiva russa de forma mais eficiente, mas negou que isso significa que eles participam da guerra.

França "não é obrigada a escolher" entre China e EUA sobre Taiwan

Um pouco antes, Macron havia defendido que a França não está em uma "lógica de confronto" com a China no espaço Indo-Pacífico, enquanto Washington, o tradicional aliado de Paris, e Pequim se desentendem por conta de Taiwan. O presidente avaliou que França e a Europa devem construir a "independência geopolítica" em relação a este assunto.

A região da Ásia-Pacífico, que se estende da Índia à região do Pacífico Sul, incluindo China, Sudeste Asiático, Austrália e Nova Zelândia, registrou um aumento acentuado das tensões em agosto, após a visita da presidente da Câmara dos Deputados americana, Nancy Pelosi, a Taiwan. Pequim encarou a viagem como uma grande provocação – a China considera a ilha como parte de seu território a ser reunificado, pela força, se necessário.

Na sequência, Pequim realizou manobras militares terrestres e marítimas sem precedentes: navios de guerra, mísseis e caças foram mobilizados por cinco dias, para simular um bloqueio de Taiwan.

"Não temos que ser obrigados a escolher", "devemos poder, em todos os lugares, manter essa liberdade de ação", continuou Macron. "Não consideramos que as alianças estruturadas para certas oposições devam se estender ao longo do Espaço Indo-Pacífico", repetiu, diante dos embaixadores franceses.

Em relação aos Estados Unidos, Macron sublinhou a "forte" convergência de valores com Washington. Mas "nunca fomos alinhados ou vassalos por trás de qualquer poder", disse.

Em meados de agosto, Berlim, tradicional aliada de Washington, enviou seis caças Eurofighter para a zona do Indo-Pacífico, “a maior e mais ambiciosa implantação já realizada pela força aérea”, sublinhou o chefe do Estado-Maior da Força Aérea alemã.

Com informações da AFP

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