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Guerra na Ucrânia "atinge" obras da coleção Morozov, em Paris

A guerra na Ucrânia acabou chegando à coleção Morozov, exposta até a semana passada em Paris: duas obras, incluindo a do oligarca russo Petr Aven, alvo de congelamento de seus bens, permanecerão na França. Esta foi a primeira vez que esta vasta coleção, composta por obras de Van Gogh, Cézanne, Matisse, além de pintores russos como Malevich e Repin, saiu da Rússia, em tão grande dimensão, para ser exibida no exterior.

O presidente francês, Emmanuel Macron, visita a exposição "A Coleção Morozov, Icones da Arte Moderna", na Fundação Louis Vuitton, em Paris, em 21 de setembro de 2021. Yoan Valat/Pool via REUTERS.
O presidente francês, Emmanuel Macron, visita a exposição "A Coleção Morozov, Icones da Arte Moderna", na Fundação Louis Vuitton, em Paris, em 21 de setembro de 2021. Yoan Valat/Pool via REUTERS. REUTERS - POOL
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Ao inaugurar a exposição, em setembro do ano passado, na Fundação Louis Vuitton, com a ministra da Cultura russa, Olga Lyoubimova, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse acreditar "muito profundamente" que esta "convenceria milhões de nossos concidadãos do que 'há de comum e de inseparável'" entre franceses e russos.

Após o encerramento da exposição, no último domingo (3), ainda durante o processo de desmontagem, o Ministério da Cultura francês anunciou à AFP neste sábado (9) que duas pinturas permaneceriam "na França".

A primeira, enquanto "seu proprietário, um oligarca russo, permanecer sujeito a uma medida de congelamento de ativos", informou o ministério, sem citar o nome do proprietário. De acordo com uma fonte especializada no assunto, trata-se de Petr Aven, próximo de Vladimir Putin, que aparece na lista de personalidades russas sujeitas a sanções ocidentais. A pintura em questão é um autorretrato de Piotr Konchalovski, datado de 1911.

O bilionário, que anunciou sua retirada do fundo de investimento LetterOne em meados de março, é um grande colecionador de arte que já emprestou diversas de suas obras ao MoMA, em Nova York, e à Royal Academy, em Londres.

A segunda pintura - um retrato de Margarita Morozova, do pintor Serov - permanecerá na França a pedido das autoridades ucranianas. A obra pertence ao Museu de Belas Artes de Dnipropetrovsk, leste da Ucrânia, e pode ser danificada.

Cézanne e Gontcharova

A situação de uma terceira obra, "de propriedade de uma fundação privada, ligada a outro oligarca que acaba de ser acrescentado à lista de personalidades visadas pelas medidas de congelamento, está sendo examinada pelos serviços do Estado", acrescentou o ministério. Trata-se da fundação Magma e do oligarca Vyacheslav Kantor, cuja pintura, também do pintor Serov, representando um parente da família Morozov, também faz parte do acervo.

Cerca de 200 obras de Van Gogh, Gauguin, Renoir, Cézanne, Matisse, Bonnard, Monet e Manet estiveram expostas desde 22 de setembro de 2021 na Fundação Louis Vuitton, em Paris, ao lado de pintores russos como Golovine, Gontcharova, Korovin, Mashkov, Malevich, Melnikov, Repin e Serov. Essas obras-primas foram reunidas pelos irmãos Mikhail e Ivan Morozov, industriais apaixonados pela arte moderna na virada dos séculos XIX e XX.

A maioria das obras deve retornar às suas instituições de origem, principalmente o Museu Pushkin e a Galeria Tretyakov, em Moscou, assim como o Museu Hermitage, em São Petersburgo. Mesmo no contexto das sanções europeias, os estados-membros da União Europeia podem derrogar à proibição de transferência e exportação para a Rússia de obras de arte quando estas obras tenham sido emprestadas no âmbito de uma cooperação cultural oficial com a Rússia, explicou o ministério.

A exposição, prorrogada até 3 de abril, reuniu mais de 1 milhão de visitantes, apesar das restrições sanitárias. A mostra poderia superar, em termos de público, a de outro grande colecionador russo, Sergei Chtchoukine, que atraiu 1,29 milhão de visitantes em 2016-2017 para a fundação, um recorde para uma exposição de arte na França.

Os números finais de público da exposição da coleção Morozov devem ser conhecidos no início da próxima semana.

(Com informações da AFP)

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