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Decisão de separar crianças contaminadas por Covid-19 de seus pais gera indignação na China

Após ter registrado um número recorde diário de 13.086 novos casos de Covid-19 na segunda-feira (4), a China surpreendeu sua população ao defender uma medida polêmica para evitar a propagação da doença. As autoridades de Xangai, capital econômica do país, vão separar as crianças contaminadas de seus pais e mães, uma iniciativa para tentar frear os contágios na metrópole de 25 milhões de habitantes, que obedece a um lockdown.

Um homem exibe cartazes com as mensagens "Mantenha um metro de distância" e "Não se aglomere", enquanto moradores de Xangai fazem fila para testes de Covid-19 no distrito de Jingan, em 4 de abril de 2022.
Um homem exibe cartazes com as mensagens "Mantenha um metro de distância" e "Não se aglomere", enquanto moradores de Xangai fazem fila para testes de Covid-19 no distrito de Jingan, em 4 de abril de 2022. AP - Chen Si
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A China obriga qualquer pessoa que teste positivo para Covid-19 a se isolar, mesmo que seja assintomática ou apresente uma infecção leve. As autoridades de Xangai, atualmente o epicentro do pior foco de coronavírus no país, devido à variante ômicron, confirmaram que a medida também se aplica aos menores de idade, inclusive aos bebês.

O anúncio provoca ansiedade e espanto entre muitas famílias. "Se a criança tem menos de sete anos, ela receberá tratamento em um centro público de saúde", informou Wu Qianyu, diretora do serviço de saúde municipal. "As crianças de mais idade ou adolescentes (...) estamos isolando em locais (para quarentena) centralizados", acrescentou. Ela ainda explicou que "se um dos pais estiver infectado poderá acompanhar a criança e cuidar dela em um local especial, onde ambos receberão tratamento".

Indignação nas redes sociais 

Várias famílias chinesas expressaram indignação com a medida através das redes sociais. "Os pais agora precisam 'cumprir condições' [estar infectado] para acompanhar os filhos? É um absurdo! É um direito fundamental", escreveu um morador de Xangai na rede social Weibo.

Diversos vídeos, que não puderam ser verificados, circularam nas redes socias mostrando crianças pequenas e bebês desacompanhados em centros de saúde públicos.   

O descontentamento cresce na China, diante da incapacidade das autoridades de frearem o número crescente de contágios. No domingo (3), o número de novas contaminações havia chegado a 13.000. 

Lockdown prolongado

Após várias semanas de confinamentos que atingiram primeiro a parte leste e depois oeste da cidade, com o bloqueio de vários complexos residenciais, o lockdown, que deveria terminar nesta terça-feira (5), será prolongado para toda a população de Xangai devido ao aumento de casos.

"Vamos continuar fazendo testes, prosseguir com o exame [de casos positivos] e a transferência de pessoas infectadas para centros de quarentena", anunciaram as autoridades de saúde locais, na noite passada. "A cidade continuará aplicando o confinamento até o anúncio de novas medidas", acrescentaram.

Diante das restrições, muitos moradores da metrópole reclamam de problemas para comprar alimentos frescos ou para ter acesso a hospitais.

Pelo menos 38.000 médicos estão mobilizados em Xangai, de acordo com informações da mídia estatal, que descreveu a maior operação nacional de saúde desde o bloqueio da cidade de Wuhan, no início de 2020, durante o primeiro surto epidêmico. 

A China, onde o coronavírus foi detectado pela primeira vez em 2019, é um dos últimos países que mantém a política de "Covid zero", com medidas restritivas severas para erradicar o menor foco da doença.

Cerca de 86% da população chinesa está vacinada contra a Covid-19, mas as vacinas utilizadas no país têm eficácia limitada contra a variante ômicron. As autoridades chinesas também anunciaram a descoberta de uma possível nova subvariante da ômicron na área de Xangai.

Pequim alega que, até hoje, menos de 5 mil pessoas morreram de Covid-19 no país. No entanto, essa informação não pode ser confirmada.

(Com informações das AFP)

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