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Covid: Política de tolerância zero da China mostra seus limites e metrópoles voltam a ser confinadas

As autoridades chinesas decidiram impor um novo confinamento em Shenzhen, cidade no sul da China com mais de 17 milhões de habitantes, para tentar conter uma nova onda de contaminações da Covid-19. A propagação do vírus também levou a restrições em outras metrópoles do país, como Xangai, onde os moradores de várias zonas residenciais não podem sair de casa.

Ruas praticamente vazias em Shenzhen, cidade de 17 milhões de habitantes submetida a um novo confinamento por causa da Covid-19.
Ruas praticamente vazias em Shenzhen, cidade de 17 milhões de habitantes submetida a um novo confinamento por causa da Covid-19. AP
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As autoridades de Shenzhen anunciaram um novo confinamento no domingo (13), após a detecção na cidade de focos da doença relacionados com a vizinha Hong Kong, onde o vírus provoca muitos danos. As cidades de Dalian, Nanjing e Tianjin, perto de Pequim, também foram sujeitas às mesmas restrições.

Em Xangai, a metrópole com maior população da China, zonas residenciais também foram confinadas. As autoridades tentam evitar um lockdown generalizado na cidade, que registrou 170 casos de coronavírus nesta segunda-feira (14).

No domingo, foram notificados quase 3.400 novos casos de Covid no país, o maior saldo desde o início da pandemia. Embora o número permaneça baixo em comparação com outros países, o balanço dos últimos dias é considerável no contexto da China, onde as autoridades aplicam, desde 2020, uma política de “tolerância zero” com o surto. O país considerado o berço da pandemia, mas também o primeiro a afirmar ter controlado a propagação do vírus, quer dar o exemplo para o resto do mundo.

Tolerância zero

O confinamento rígido é a principal medida da estratégia de “tolerância zero”. Mas as autoridades também impõem testes em massa e podem impedir um cidadão de sair de casa ou forçá-lo a ficar em um quarto de hotel se for considerado um contato de alto risco de contaminação. Com aplicativos para rastrear pessoas infectadas, os contatos geralmente são detectados e rapidamente colocados em quarentena.

As medidas são tão severas que lojas, escolas, pontos turísticos, prédios de escritórios e até shopping centers chegaram a ser fechados com pessoas dentro, após detectar um único contato de alguém infectado.

O governo também disse que não renovará os passaportes chineses vencidos, a menos que o titular tenha um motivo válido para viajar, reduzindo a demanda por viagens ao exterior. A decisão visa evitar que moradores deixem o país e, na volta, possam trazer o vírus e contaminar outras pessoas.

Impacto econômico

Mas essa estratégia de tolerância zero tem mostrado seus limites sanitários, mas também econômicos. Ela causou interrupções em cidades portuárias e áreas de fronteira, que enfrentam confinamentos constantes. Analistas já apontam para o risco de desaceleração econômica por causa do fechamento pontual de fábricas e empresas.

Nesta segunda-feira, a gigante taiwanesa do setor eletrônico Foxconn, principal fornecedora da Apple, informou a suspensão das operações em Shenzhen, porque o confinamento afeta o funcionamento de suas fábricas. A Foxconn, que emprega dezenas de milhares de pessoas na cidade, disse que transferiu a produção para outros centros.

A retomada da pandemia na China e o eventual fracasso da estratégia de “tolerância zero” também chega em um momento delicado do ponto de vista político, já que o presidente Xi Jinping busca um terceiro mandato em outubro e a gestão do surto poderá ter um impacto em sua popularidade.

 (Com informações da AFP)

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