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Presidente de Belarus, aliado da Rússia, diz que seu exército não participa de ataque à Ucrânia

O presidente bielorrusso, Alexandre Lukashenko, afirmou nesta quinta-feira (24) que seu efetivo militar não apoia o ataque da Rússia à Ucrânia. Mas tanques de guerra russos entraram no território ucraniano pela fronteira bielorussa. A França condenou esta utilização da Belarus pelas forças de Moscou.

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, é um dos principais parceiros da Rússia.
O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, é um dos principais parceiros da Rússia. AFP - ALEXEY NIKOLSKY
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A Rússia lançou uma grande ofensiva militar nesta quinta-feira (24), com bombardeios aéreos e disparos de mísseis contra as principais cidades ucranianas, entre elas a capital Kiev. Algumas horas mais tarde, tropas russas, apoiadas por tanques, iniciaram uma invasão terrestre à Ucrânia.

O líder autocrata bielorrusso, aliado de Moscou, negou que militares de seu país estejam participando da guerra iniciada pela Rússia. Moscou movimenta em sua ofensiva terrestre os milhares de soldados russos que posicionou no sul de Belarus, há várias semanas, para a realização de manobras militares conjuntas. A capital ucraniana, Kiev, fica a apenas 150 quilômetros da fronteira bielorrussa.

Segundo Lukashenko, o presidente russo, Vladimir Putin, telefonou a ele para fazer "um briefing muito detalhado da situação". "Por volta das 5h de hoje (23h de quarta-feira em Brasília), ocorreu uma conversa telefônica" entre os dois líderes, informou a presidência bielorrussa em um comunicado. O documento reitera que Putin informou Lukashenko sobre "a situação na fronteira com a Ucrânia", ou seja, referindo-se a regiões separatistas no leste da Ucrânia.

Mais cedo, Putin indicou que o objetivo da invasão era de "colocar um fim ao genocídio da população nas regiões de Donetsk e Lugansk". Esses dois territórios separatistas pró-russos estão em guerra desde 2014 contra as forças ucranianas e foram reconhecidos como soberanos no início desta semana pela Rússia.

Discurso "delirante"

Em seu discurso sobre a operação militar, Putin denunciou um "genocídio" contra a parcela da população no leste ucraniano que fala russo e detém a dupla nacionalidade russo-ucraniana. Ele assegurou que não se trata de uma operação de "ocupação", mas de uma "desmilitarização da Ucrânia", para livrar o país dos "neonazistas" que tomaram o poder. Muitos especialistas na região condenaram este discurso revisionista de Putin, permeado de alegações mentirosas, como a de um "genocídio" contra os habitantes russos da Ucrânia. Além de apontar incoerências, políticos e observadores europeus se questionam sobre a visão "delirante" do presidente russo a respeito da Ucrânia.

Há várias semanas, Kiev denuncia o cerco ao seu território através da fronteira bielorrussa. A Belarus também fazia parte da ex-União Soviética e se tornou independente em 1991, mas continua até hoje sendo um aliado importante da Rússia.

O chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, condenou a invasão, referindo-se à operação como uma "violação brutal do direito internacional". 

Opositora bielorrussa denuncia apoio de Minsk a Putin

As dezenas de milhares de soldados russos posicionados em Belarus há semanas representam uma ameaça à independência do país, denunciou na quarta-feira (23) a opositora exilada Svetlana Tikhanovskaya. Considerada pelo Ocidente como a verdadeira vencedora das eleições presidenciais de 2020 contra Lukashenko, ela foi alvo de ameaças de morte e recebeu asilo na Lituânia há quase dois anos. 

A opositora expressou seu espanto com a ideia de que o referendo organizado no último domingo (20) em Belarus possa permitir a Lukashenko armazenar armas nucleares russas na ex-república soviética que faz fronteira com vários países da União Europeia.

O presidente bielorrusso, que reprimiu com mão de ferro um movimento popular contra sua reeleição em 2020, é "grato" à Rússia, diz a opositora. "O Kremlin apoiou Lukashenko, que agora quer mostrar sua lealdade (...) Ele está cedendo terras para manobras militares", acrescenta Tikhanovskaya, que estima a presença militar russa em seu país em cerca de 30 mil homens.

No entanto, na opinião da opositora, isso não beneficia a Belarus, onde a população se recusa a "ser o apêndice de outro país". "As pessoas não querem essas tropas em nosso solo, não querem que o país se torne um agressor de nossos irmãos ucranianos", diz Tikhanovskaya.

As manobras deveriam terminar em 20 de fevereiro, mas a Belarus anunciou que os exercícios continuariam indefinidamente. "Isso nos mostra aonde Lukashenko quer chegar. Ele pode usar nosso território para [armazenar] armas nucleares, o que representaria uma ameaça gigantesca para a Europa", declarou.

(Com informações da AFP

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