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Crise na Ucrânia: Macron diz a Putin que "diálogo sincero não é compatível com escalada"

O presidente francês, Emmanuel Macron, manteve neste sábado (12) um diálogo de 1h40 minutos por telefone com o líder russo, Vladimir Putin, para tentar aliviar as tensões nas fronteiras da Ucrânia. As declarações feitas ontem pelo conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, de que uma invasão russa à Ucrânia poderia "acontecer a qualquer momento", irritaram o Kremlin e também o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que pediu "provas concretas" dessa ameaça. 

Desembarque de mísseis americanos FGM-148 no aeroporto de Kiev. 11/02/2022
Desembarque de mísseis americanos FGM-148 no aeroporto de Kiev. 11/02/2022 Sergei SUPINSKY AFP
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Macron disse a Putin que "um diálogo sincero não é compatível com uma escalada", segundo nota divulgada pelo Palácio do Eliseu. Os dois líderes expressaram a vontade de dar continuidade ao diálogo sobre "formas de progredir na implementação dos acordos de Minsk" sobre as repúblicas separatistas da região do Donbass e sobre "as condições de segurança e estabilidade na Europa", acrescentou a Presidência francesa. Macron também "transmitiu as preocupações de seus parceiros e aliados europeus", afirma o texto do Eliseu. 

Na segunda-feira passada (7), Macron se reuniu com Putin no Kremlin. Após mais de cinco horas de discussões, o presidente russo afirmou que as iniciativas apresentadas por Paris, e endossadas pelos europeus, mereciam ser estudadas. No entanto, ao longo da semana, os atritos entre Washington, Moscou e Kiev novamente se deterioraram.

Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha estão recomendando aos seus cidadãos que deixem a Ucrânia rapidamente, aumentando a atmosfera de tensão. A França descarta esta medida, por enquanto. Washington e Moscou estão retirando os funcionários não essenciais de suas respectivas embaixadas em Kiev. Já o Itamaraty recomendou ao pessoal da embaixada brasileira a ficar em estado de alerta. O presidente Jair Bolsonaro confirmou que viajará à Rússia na segunda-feira (14), apesar da escalada na região

Putin ainda tem um diálogo previsto neste sábado com o presidente americano, Joe Biden.

"Provocações"

Mais cedo, os chefes da diplomacia russa e americana fizeram um contato telefônico. Sergei Lavrov descreveu as acusações de Washington como "provocações", enquanto o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que o caminho diplomático permanece "aberto", mas que exigiria uma "desescalada" de Moscou.

A Rússia chama de "histeria" as advertências repetidas de Washington sobre uma invasão russa ao país vizinho. No entanto, 30 navios de guerra russos iniciaram hoje manobras no mar Negro, na costa da península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. No total, 140 navios, 60 aeronaves, 1.000 unidades de equipamentos de guerra e 10.000 militares participarão desses exercícios, disse o Ministério da Defesa russo. Outros 100 mil soldados russos e armas pesadas permanecem na fronteira com a ex-república soviética.

Em coletiva de imprensa, em Kiev o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que as advertências de um ataque russo a seu país "provocam pânico e não são úteis". Ele pediu provas concretas de uma "invasão iminente", conforme afirmou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca.

"Entendemos os riscos. Entendemos que há riscos", disse Zelensky. "Mas neste momento, o maior inimigo é o pânico no país. E todas essas informações estão causando pânico e não estão nos ajudando", disse o líder ucraniano à imprensa, acrescentando que, se alguém tiver elementos adicionais sobre uma invasão, deve entregá-los.

Manifestação de ucranianos em Kiev: "vamos resistir"

Em Kiev, milhares de ucranianos foram às ruas na tarde de sábado manifestar unidade diante da ameaça de uma invasão e bombardeios aéreos da Rússia, como evocaram os Estados Unidos. O presidente Zelensky pediu à população para não ceder ao pânico. Os manifestantes fizeram uma passeata no centro da capital ucraniana, entoando palavras de ordem como "Glória à Ucrânia". Alguns carregavam bandeiras do país e cartazes com as frases "os ucranianos resistirão" e "os invasores devem morrer". 

Ontem, os Estados Unidos anunciaram o envio de mais 3 mil soldados para reforçar as tropas da Otan na Polônia. Neste sábado, o Pentágono também ordenou a retirada de quase todos soldados americanos que mantinham estacionados na Ucrânia para "reposicioná-los em outros lugares da Europa", anunciou o porta-voz John Kirby. O contingente era formado por 160 soldados da Guarda Nacional da Flórida "que assessoravam e treinavam as forças ucranianas".

A Rússia é acusada por americanos, europeus e a Otan de ter posicionado um arsenal de guerra na fronteira do vizinho para dissuadir a Ucrânia de ingressar na aliança militar ocidental, formada por 30 países. Para aliviar o cerco, Moscou exige garantias de segurança, como o afastamento da Otan do que considera sua área de influência, ou seja, antigas repúblicas soviéticas que se tornaram independentes e buscam aproximação com governos ocidentais.

Com informações da AFP

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