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Negociações humanitárias "estão em curso" e são condição para diálogo com talibãs, diz Macron

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou neste sábado (28) que discussões “frágeis e provisórias” estão em curso com os talibãs no Afeganistão, com a ajuda do Catar, para viabilizar eventuais operações de evacuação do país além de 31 de agosto. A data foi estipulada pelos radicais islâmicos como o limite para a expatriação de estrangeiros e afegãos que desejam sair do país, agora comandado pelos insurgentes.

Presidente francês, Emmanuel Macron, participa de conferência internacional em Bagdá para debater futuro do Iraque e da região. (28/08/2021)
Presidente francês, Emmanuel Macron, participa de conferência internacional em Bagdá para debater futuro do Iraque e da região. (28/08/2021) AP - HO
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A declaração de Macron ocorreu em Bagdá, onde o presidente francês está para uma conferência regional sobre a estabilidade no Iraque e no Oriente Médio. Macron esclareceu que as negociações humanitárias são uma das condições para qualquer diálogo político com os talibãs, que tomaram o poder em Cabul em 15 de agosto.

As discussões ocorrem com a participação do Catar, que poderia “reabrir as pontes aéreas” com o Afeganistão, acrescentou o presidente francês. O emirado recebe há anos representantes dos talibãs para negociações com o antigo governo afegão e os Estados Unidos.

Depois de vários dias de caos, a calma retornou neste sábado ao aeroporto de Cabul, onde combatentes talibãs entregavam aos americanos os últimos candidatos ao exílio. Apenas os ônibus autorizados podem se aproximar do local, depois de um acerto entre os dois lados para aumentar a segurança das operações.

“Temos listas dadas pelos americanos. Se o seu nome está numa lista, você pode passar”, explicou à AFP um talibã de guarda perto do terminal de voos civis.

Com a roupa do corpo

As filas com milhares de pessoas no entorno do aeroporto terminaram, pelo menos por enquanto – o atentado de quinta-feira (26), promovido pelos rivais do grupo Estado Islâmico parece ter assustado aqueles que almejavam partir rumo a um futuro melhor no Ocidente. O ataque deixou pelo menos 100 mortos.

Os que persistem no objetivo de partir agora são obrigados a realizar a viagem com apenas a roupa do corpo e poucos pertences reunidos em uma sacola plástica e transparente, por segurança. As bagagens ficam para trás.

“Por causa do atentado, os americanos não deixam levar mais nada. Estamos dizendo para as pessoas levarem dinheiro e joias nos bolsos. As roupas que foram deixadas serão dadas para outras pessoas”, afirmou uma liderança talibã. O Pentágono informou que 1.400 pessoas passaram por controles e estão registradas para voos neste sábado.

A Casa Branca indica que cerca de 112 mil pessoas, entre afegãos e estrangeiros, já deixaram o país desde a queda do governo local apoiado pelos Estados Unidos. Diversos países europeus já finalizaram suas operações de repatriamento, como a França, na sexta-feira (27). Macron afirmou que Paris retirou do Afeganistão 2.834 pessoas, das quais uma minoria de 142 franceses e 14 europeus. Suíça, Itália, Espanha e Suécia também encerraram os voos, depois de Alemanha, Holanda, Canadá e Austrália, ao longo da semana. Já os britânicos preevem concluir a retirada neste sábado.

Alvos do Estado Islâmico atacados

O Pentágono anunciou neste sábado que "dois alvos importantes" do grupo Estado Islâmico (EI), um "organizador e um operador", morreram e outro foi ferido em um ataque com drones dos Estados Unidos no Afeganistão, sem revelar seus nomes.

"Posso confirmar, agora que recebemos mais informações, que dois alvos importantes do EI morreram e outro foi ferido no ataque executado neste sábado de fora do Afeganistão", afirmou o general americano Hank Taylor. "Até onde sabemos, não há vítimas civis", completou.

O porta-voz do Pentágono, John Kirby, se negou a explicar se os alvos do ataque tiveram envolvimento direto no atentado de quinta-feira perto do aeroporto de Cabul, que matou 13 soldados americanos. O ataque foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico em Khorasan (EI-K).

"São organizadores e operadores do EI-K, esta razão é suficiente", afirmou o porta-voz em uma entrevista coletiva. "O fato de que estes dois indivíduos já não estão mais na superfície da Terra é algo bom", completou.

Com informações da AFP e Reuters

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