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Líbano

Irã critica França por receber Saad Hariri em Paris

O governo iraniano acusou a França de alimentar as tensões no Oriente Médio, ao convidar para uma visita o primeiro-ministro do Líbano Saad Hariri, exilado na Arábia Saudita após ter renunciado ao cargo. O presidente francês Emmanuel Macron retrucou, contestando a posição “agressiva” de Teerã na região. O chefe do governo libanês deve se encontrar com o líder francês em Paris neste sábado (17).

Saad Hariri e Emmanuel Macron durante reunião em setembro de 2017 em Paris.
Saad Hariri e Emmanuel Macron durante reunião em setembro de 2017 em Paris. LUDOVIC MARIN / AFP
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Esta sexta-feira (16) foi marcada por trocas de farpas entre Paris e Teerã, poucas horas antes do desembarque de Saad Hariri no território francês, após um convite feito por Macron. “Nos parece que a França tenha uma visão parcial das crises e catástrofes humanitárias no Oriente Médio. De forma intencional ou não, essa posição alimenta os conflitos regionais”, declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Bahram Qasemi.

O comentário de Teerã foi feito após a confirmação de que o premiê libanês iria “passar alguns dias na França” a convite do presidente francês. Macron refutou a hipótese de que estaria oferecendo algum tipo de exílio a Hariri, que estava em Riad desde que renunciou, levantando as suspeitas de que poderia ter sido obrigado pelos sauditas a abandonar seu cargo.

Hariri explicou sua renúncia alegando que o Hezbollah libanês – membro do governo apoiado pelo Irã – estaria controlando o Líbano e que temia por sua segurança. "Senti o que se tramava nas sombras para atacar minha vida", declarou o agora ex-premiê, para quem seu país vive uma situação similar à registrada antes do assassinato de seu pai, o também ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, em 2005. Cinco membros do Hezbollah são acusados pelo assassinato.

Teerã deve adotar estratégia menos agressiva, diz Macron

Macron disse que “a reação iraniana mostra uma falta de conhecimento da posição francesa” sobre o assunto. De passagem por Gotemburgo, na Suécia, o presidente lembrou que “todos temos interesse em buscar a calma” na região.

Mas o líder francês também alfinetou o regime de Teerã. “Nosso desejo é que o Irã tenha uma estratégia regional menos agressiva e que possamos esclarecer a sua estratégia balística, que nos parece não ser controlada”, disse Macron. “Mas o Irã é uma potência com a qual nós desejamos dialogar e com a qual nós continuaremos a dialogar”, ponderou.

França tenta se consolidar na cena internacional

Segundo analistas, ao convidar Saad Hariri, Macron marca um ponto estratégico. “A diplomacia francesa conquistou uma vitória simbólica”, comenta Stéphane Malsagne, historiador especialista do Líbano e professor na Sciences Po. “Basta saber agora se a mediação francesa será eficaz. A verdadeira questão agora é o que vai acontecer quando Saad Hariri voltar para o Líbano”, completou.

Mesmo assim, a cartada de Macron pode ajudar Paris a se impor de forma perene no Oriente Médio. “Diante da ausência de mediação do Ocidente, principalmente da parte dos Estados Unidos, havia uma necessidade aguda de alguém que adotasse esse papel em uma região literalmente em chamas”, analisa Maha Yahya, diretor do Centro Carnegie do Oriente Médio, em Beirute.

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