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Ásia

Mulheres afegãs lançam campanha para ser chamadas por seus nomes

No último mês, dezenas de mulheres afegãs lançaram uma campanha nas redes sociais para exigir que elas sejam chamadas por seus nomes. No país, existe a tradição de nunca revelar a identidade feminina fora de casa.

Mulheres afegãs com seus filhos
Mulheres afegãs com seus filhos AFP/Aref Karimi
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Sonia Ghezali, correspondente da RFI em Cabul

A campanha "Onde está meu nome?", organizada por diversas mulheres, tem tomado conta das redes sociais desde o dia 5 julho no Afeganistão. Laleh Osmany, jovem de Hérat, cidade no oeste do país, foi quem iniciou o movimento no Facebook. Ela exige algo que parece simples em diversos lugares no mundo: ser chamada por seu nome.

No Afeganistão, a identidade das mulheres não aparece em suas certidões de nascimento e de casamento. Em cidades mais afastadas, os homens usam até apelidos como "meu animal", "minha cabrita" ou "minha galinha". Quando perguntamos às mulheres nas ruas, por exemplo, se elas são chamadas por seus nomes, elas respondem: "Não, nós temos o hábito de guardar nosso nome em segredo. Se nós o revelássemos, isso nos causaria problemas com nossa família".

Uma professora de Cabul vestida com seu uniforme, só é reconhecida pela sua profissão. Segundo uma tradição local, um homem cujo nome da esposa é conhecido por pessoas que não são de sua família é considerado incapaz de protegê-la.

Sem menção às mulheres

Tahmina Arian, jovem estudante de ciências políticas de 26 anos, moradora de Kaboul, não esperou muito para se juntar ao movimento. Após pesquisar um pouco a respeito, ela se deu conta de que, na maior parte dos cemitérios, não há menção às mulheres. "Fiquei chocada, em alguns túmulos estava escrito 'mulher de fulano'".

Para Tahmina, sem ter um nome público, as mulheres ficam impedidas de se definir como seres humanos e de ter consideração por si mesmas. "Quero que as coisas mudem. Estou cansada de ver que no século 21 as pessoas vivem como se estivessem na Idade Média. É difícil, é doloroso. Se eu não agir, quem agirá? É preciso começar por algum lugar e estamos tentando o máximo que podemos", afirma.

A estudante explica que sua mãe nunca foi chamada pelo nome e sempre recebeu alcunhas como "tia", "irmã", "mãe" ou "esposa". As manifestantes de "Onde está meu nome?" foram criticadas por extremistas religiosos, mas decidiram continuar, mesmo assim, a luta pelo direito das mulheres afegãs.

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