Silêncio de viúva do Nobel da Paz Liu Xiaobo preocupa amigos e ONGs
Amigos do dissidente chinês e Prêmio Nobel da Paz Liu Xiaobo, falecido na quinta-feira (13), estão preocupados com a sua viúva, Liu Xia, com a qual não conseguem estabelecer contato desde a cerimônia de cremação do sábado (15). Anistia Internacional e Human Rights Watch questionam o fato dela estar incomunicável.
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A poetisa e fotógrafa Liu Xia está incomunicável. Na sua residência em Pequim, no domingo à noite (16), um guarda uniformizado estava sentado em frente ao elevador, enquanto um civil, que não quis se identificar, afastou os jornalistas.
No sábado, as cinzas de Liu Xiaobo foram jogadas ao mar, horas depois que seu corpo foi cremado. "Estamos muito preocupados. Vimos as fotos tiradas pelas autoridades durante o funeral, e ela parecia fraca e debilitada. Ela parece a pessoa mais triste do mundo", declarou à AFP Hu Jia, um ativista e amigo de Liu Xia. "Se pudesse vê-la, tentaria reconfortá-la".
Detido há mais de oito anos por subversão, o opositor político Liu Xiaobo faleceu aos 61 anos, vítima de um câncer de fígado em estágio terminal. Foi posto em liberdade condicional no Hospital Universitário de Shenyang, onde estava recebendo cuidados. Pequim se recusou a autorizar sua viagem para que fosse tratado fora do país. O Comitê Nobel acusou Pequim de ter "uma grande responsabilidade" por sua morte.
Liu Xia foi autorizada a visitar seu marido no hospital antes de seu falecimento, mas seus contatos com o mundo exterior são muito restritos. Estados Unidos e a União Europeia pediram ao governo chinês que deixem a poetisa Liu Xia viajar ao exterior. Em vão.
Viúva sob alta vigilância
Nos últimos sete anos, Liu Xia foi autorizada a deixar seu apartamento apenas para visitar sua família e seu marido na prisão da província de Liaoning (nordeste). Ela perdeu seu pai no ano passado e sua mãe este ano.
"Não há maior prioridade do que libertar Liu Xia. O fato de as autoridades mostrarem as imagens da tortura à qual é submetida ilustra essa urgência", declarou Sophie Richardson, diretora para a China da ONG Human Rights Watch. No sábado, Zhang Qingyang, uma autoridade de Shenyang, afirmou que Liu Xia estava "livre", sem revelar seu paradeiro.
Um outro amigo do casal, Ye Du, disse ter visto a família na sexta-feira de manhã, mas que Xia parecia nervosa e se recusava a falar dos detalhes para o funeral. "Liu Xia está sendo claramente controlada", afirmou Ye Du. Patrick Poon, especialista da Anistia Internacional, indicou por sua vez que a viúva de 56 anos sofre de depressão e problemas cardíacos, e que a impossibilidade de seu amigos entrarem em contato com ela é "estranha".
(AFP)
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