Papa nomeia comissão sobre possibilidade de mulher exercer função de diácono

O papa Francisco nomeou nesta terça-feira (2) uma comissão para estudar a possibilidade de permitir que as mulheres sejam diaconisas. A iniciativa pode representar uma abertura histórica da Igreja Católica em relação à participação das mulheres na instituição.

O papa Francisco nomeou nesta terça-feira, 2 de agosto de 2016, uma comissão para estudar a possibilidade das mulheres seram diaconisas. REUTERS/Filippo Monteforte/Pool

A possibilidade de mulheres poderem exercer o papel de diaconisas é uma questão que divide há anos a igreja. Os diáconos representam o primeiro degrau da hierarquia católica. Eles não têm o status de padre, mas podem pronunciar sermões durante a missa e celebrar batizados, casamentos e funerais. Por outro lado, não podem dar a comunhão nem ouvir a confissão dos fiéis.

A comissão nomeada pelo papa é formada por 13 pessoas, sete homens e seis mulheres. Ela estudará, em especial, o papel das mulheres que exerceram essa função durante os primeiros anos da Igreja Católica. Vários trabalhos históricos revelaram a existência de diaconisas nos primeiros séculos do cristianismo.

O grupo, presidido pelo arcebispo espanhol Luis Francisco Ladaria Ferrer, é composto por padres, religiosas e especialistas universitários. A comissão também deve fazer recomendações para aumentar as responsabilidades das religiosas católicas.

Mulheres são sub-representadas

Os defensores da medida argumentam que as mulheres estão sub-representadas na igreja. As 700 mil religiosas e voluntárias representam a maioria das pessoas que trabalham cotidianamente nas paróquias, mas são subordinadas à hierarquia católica, 100% masculina. Além disso, não existe nenhum obstáculo teológico para que as mulheres voltem a exercer uma função que tiveram nas origens do cristianismo.

Em maio, o papa Francisco abordou a questão durante uma conversa com mulheres de várias ordens religiosas. Ele disse que "seria bom" a Igreja esclarecer essa questão. Ao mesmo tempo reafirmou não acreditar que as mulheres possam ser padres, ideia que já havia sido rejeitada de maneira categórica por alguns de seus antecessores.

O Vaticano não informou quando a comissão iniciará os trabalhos nem quando apresentará suas conclusões.