Bagdá: atentado mortal e invasão do parlamento em dia conturbado

Ao menos 23 pessoas morreram e outras 38 ficaram feridas neste sábado (30) na explosão de uma bomba em uma estrada utilizada por peregrinos xiitas perto de Bagdá. O dia também foi conturbado no coração da capital iraquiana, onde milhares de manifestantes invadiram a fortificada Zona Verde e o parlamento do país.

Manifestantes invadem Zona Verde de Bagdá, onde fica o parlamento. REUTERS/Ahmed Saad

A bomba carregada em um carro explodiu em uma estrada da zona de Nahrawan pela qual passam peregrinos xiitas para ir ao túmulo de Musa al Kazim, o sétimo dos 12 imãs do xiismo morto envenenado na prisão no ano de 799 por ordem do califa abásida Harun al Rachid.

O atentado foi reivindicado pelo grupo sunita Estado Islâmico (EI), que costuma atacar peregrinos xiitas, considerados hereges por eles. Em um comunicado, o EI afirma que o veículo carregava três toneladas de explosivos.

Todos os anos, milhares de peregrinos vêm não apenas do Iraque, mas também do vizinho Irã para visitar o local considerado sagrado. A mesma peregrinação foi alvo de um ataque em 2015, fazendo 13 vítimas fatais.

O novo atentado ocorre em um momento em que o país atravessa uma grave crise política. O EI continua no controle de grande parte do território iraquiano à oeste e ao norte de Bagdá, mas vem perdendo terreno diante do avanço das tropas locais apoiadas pela coalizão internacional.

Invasão do parlamento

Milhares de pessoas invadiram a Zona Verde, alguns deles entraram no parlamento iraquiano depois que os deputados fracassaram de novo na aprovação de um novo gabinete de ministros.

Manifestantes enfurecidos invadiram esta zona ultraprotegida por abrigar inúmeras instituições do país. Alguns deles saquearam parte do prédio, enquanto outros tentavam aos gritos impedir a destruição.

As pessoas haviam se reunido pela manhã na entrada da Zona Verde. Os protestos tornaram mais violentos quando ficaram sabendo que os deputados não haviam conseguido, mais uma vez, a aprovação de um novo governo de tecnocratas proposto pelo primeiro-ministro Haider al Abadi.

A agitação começou minutos depois da coletiva de imprensa do influente chefe xiita Moqtada al-Sadr na cidade santa de Nayaf. O líder condenou o bloqueio político, mas não incentivou que seus adeptos invadissem a Zona Verde.

Situada no centro de Bagdá, a Zona Verde abriga, além do parlamento, o palácio presidencial e o gabinete do primeiro-ministro, assim como inúmeras embaixadas, como a dos Estados Unidos.