Egípcios voltam às urnas em meio a nova onda de violência
Os egípicos votam hoje no segundo turno das legislativas em uma das três zonas eleitorais nas quais o país é dividido. A votação é marcada pelo retorno da violência entre manifestantes e forças da ordem na praça Tahrir, no Cairo. A comunidade internacional condenou a repressão aos protestos, que entram hoje no sexto dia consecutivo e já deixaram 14 mortos.
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Pela segunda vez em cinco dias, a França denunciou nesta terça-feira o "uso desproporcional" da força contra os manifestantes. O governo francês decidiu enviar ao Cairo seu embaixador encarregado dos direitos humanos, François Zimeray, para acompanhar de perto a situação.
O poder militar no Egito é cada vez mais criticado pelo uso de balas contra os manifestantes e pelo tratamento reservado às mulheres que participam dos protestos na praça Tahir.
Sem meias palavras, a secretaria de Estado norte-americana Hillary Clinton disse que as violências cometidas contra as mulheres "desonram o Estado egípcio".
A indignação também cresce dentro do país, onde jornais independentes e deputados recentemente eleitos pediram o fim das violências contra os manifestantes e a abertura de uma investigação.
É nesse clima de tensão que começa hoje o segundo turno das eleições legislativas na segunda das três zonas eleitorais do país, que compreende uma grande parte do oeste da capital Cairo, Suez (nordeste do país) e Assouan (sul). O índice de participação no primeiro turno, há uma semana, foi de 67%, segundo a comissão eleitoral egípcia.
O complicado processo eleitoral egípcio começou no dia 28 de novembro e deve terminar somente no dia 11 de janeiro. Nas votações precedentes, o partido da Liberdade e da Justiça, ligado ao influente grupo islâmico dos Irmãos Muçulmanos, foi o grande vencedor.
As primeiras eleições desde a queda do ex-presidente Hosni Mubarak, em fevereiro, revelam uma divisão cada vez maior na sociedade egípcia entre aqueles que veem o processo eleitoral como um primeiro passo em direção à democracia e aqueles que consideram que o novo parlamento, cujo papel ainda não está claro, será somente um meio para permitir que o exército se mantenha no poder.
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