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Oriente Médio/Violência

Assad diz que intervenção ocidental na Síria "incendiaria" a região

O presidente sírio Bashar al-Assad havia dito que qualquer intervenção ocidental contra seu país provocaria um "terremoto" que abalaria todo o Oriente Médio. O emissário chinês para o Oriente Médio, Wu Sike, afirmou que seu país já preveniu as autoridades sírias de que essa "situação perigosa" não pode continuar.

Sírios que vivem no Egito realizaram neste domingo um protesto contra o regime do presidente Assad diante da embaixada da Síria no Cairo.
Sírios que vivem no Egito realizaram neste domingo um protesto contra o regime do presidente Assad diante da embaixada da Síria no Cairo. REUTERS
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Em uma entrevista publicado hoje pelo jornal britânico Sunday Telegraph, Assad afirma que seu país é "completamente diferente do Egito, da Tunísia ou do Iêmen". "A Síria é a partir de agora o centro da região. É a linha de fratura e se brincarem com ela, vocês provocarão um terremoto: vocês querem ver um novo Afeganistão, ou dezenas de Afeganistãos?", ameaçou o presidente sírio, que conduz uma violenta repressão contra seus opositores há mais de sete meses.

"Qualquer problema na Síria incendiará toda a região", completou Assad, que admitiu que as forças de segurança síria cometeram "muitos erros" no início da contestação mas agora perseguem somente os "terroristas".

Em entrevista a um canal de televisão russo, Bashar al-Assad pediu que a Rússia continue a apoiá-lo diante da condenações dos países ocidentais à repressão na Síria.

China

O emissário da China para o Oriente Médio, Wu Sike, declarou hoje no Cairo que alertou o governo sírio sobre o perigo de continuar a repressão, durante uma visita a Damasco na quinta-feira.

Wu diz ter enfatizado a altos responsáveis sírios o perigo da situação, dizendo que "ela não pode continuar" e que o regime de Bachar al-Assad deve "respeitar e responder às aspirações e reivindicações legítimas do povo sírio". O emissário chinês indicou que seu país defende a ideia proposta pela Liga Árabe de um diálogo entre o regime e seus opositores.

A Rússia e a China, que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, vetaram no dia 4 de outubro um projeto de resolução dos países ocidentais ameaçando Damasco de "medidas específicas".

Violência

Duas pessoas foram mortas hoje na província de Homs, onde militantes pela democracia convocaram uma manifestação para pedir que os países membros congelem a adesão da Síria à Liga Árabe.

Um comitê ministerial da Liga Árabe se reuniu no início da noite deste domingo com o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid al-Mouallem, que deve transmitir a resposta de Damasco às propostas do comitê para acabar com a violência.

O comitê, que já tinha se reunido na quarta-feira com o presidente Assad, teria alertado que um fracasso da mediação árabe levaria a uma internacionalização da crise e a um embargo econômico, segundo o influente jornal do Kwait Al-Qabas. A delegação presidida pelo primeiro-ministro do Qatar, sheik Hamad ben Jassem Al Thani, pediu que o governo sírio se comprometa com um calendário preciso de reformas, aceite uma reunião com a oposição no exílio e pare com a violência, segundo o jornal.

Repressão

Segundo a ONU, a repressão na Síria já fez mais de 3 mil mortos desde 15 de março. E a insurreição popular tende a se transformar em conflito armado com a multiplicação dos confrontos entre soldados, membros das forças de segurança e desertores. Segundo o Observatório sírios dos direitos humanos, esses confrontos fizeram somente neste sábado 47 mortos entre as forças do regime sírio.

As deserções no exército se multiplicaram nas últimas semanas. Muitos desertores se uniram ao "Exército sírio livre", uma força de oposição armada cuja criação foi anunciada em julho pelo coronel desertor Riad al-Asaad, refugiado na Turquia.

O secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, pediu neste sábado "o fim imediato de todas as operações militares contra civis" e "a libertação de todos os prisioneiros políticos e das pessoas detidas por ter participado de protestos". Já a Liga Árabe enviou uma mensagem ao presidente Assad para expressar "sua rejeição dos assassinatos de civis" e "a esperança de que o governo sírio tomará as medidas necessárias para protegê-los".

 

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