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Egito/ julgamento

Ex-ditador egípcio é julgado por corrupção e assassinatos durante revoltas populares

Começou nesta quarta-feira um julgamento histórico para os egípcios: o do ex-ditador Hosni Mubarak, que responde a acusações de corrupção e assassinatos de manifestantes durante a revolta popular que o tirou do poder, entre janeiro e fevereiro deste ano. Deitado em uma maca, o ex-presidente se disse inocente dos crimes.

Hosni Mubarak assiste à audiência deitado em uma maca e atrás das grades.
Hosni Mubarak assiste à audiência deitado em uma maca e atrás das grades. REUTERS/Egypt
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"Todas essas acusações, eu as nego completamente", afirmou, ao ser solicitado. Mubarak comparece diante da Justiça ao lado de dois de seus filhos, de seu ex-ministro do Interior, Habib el-Adli, e de outros seis responsáveis pela segurança do seu antigo regime, que também negaram serem culpados. Eles são acusados de desviar milhões de dólares de dinheiro público e ter ordenado a morte de cerca de 850 pessoas durante os protestos anti-governo. O ex-ditador, seus filhos e colaboradores podem ser condenados a prisão perpétua.

Mubarak deixou na manhã de hoje o hospital na estação balenária de Charm el Sheik, onde cumpre prisão preventiva, e chegou a um tribunal na periferia do Cairo em uma maca. Esta foi a primeira aparição pública dele desde sua renúncia, em 11 de fevereiro. Pálido e vestido de branco, a cor usada por suspeitos que ainda não foram julgados, no Egito, o ex-ditador foi visto conversando com os seus filhos, pouco antes de o julgamento se iniciar.

A audiência acontece em um tribunal instalado em uma academia de polícia, cercada sob forte esquema de segurança. Os acusados estão separados da côrte por grades. O presidente do Tribunal Penal do Cairo, Ahmed Refaat, pediu silêncio absoluto durante a audiência e ameaçou expulsar qualquer pessoa que desrespeitar a regra. O processo está sendo retransmitido ao vivo pela televisão estatal.

Antes do início do julgamento, houve confronto entre opositores e simpatizantes do ex-ditador. A polícia interveio e separou os dois grupos através de um cordão de isolamento.

Mubarak permaneceu por 29 anos na presidência do Egito. O advogado dele deve argumentar que a saúde de seu cliente está fragilizada e que o ex-ditador não tem condições de cumprir pena.

O processo acontece em um momento em que outros ditadores, como o líbio Muammar Kadafi e o sírio Bachar Al-Assad, se recusam a deixar o poder. Além disso, os próprios egípcios voltaram às ruas para pedir a aceleração das reformas políticas e econômicas no país e a punição do antigo regime. O julgamento de Mubarak poderá passar a mensagem de que os tiranos africanos podem vir a ser condenados no futuro, segundo analistas.

Mubarak será o segundo ditador africano a passar por julgamento desde o início dos protestos na região. Em julho, o ex-presidente da Tunísia, Zine Ben Ali, foi condenado a 15 anos de prisão, mas vive exilado na Arábia Saudita.

 

 

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