Manifestações na Síria se radicalizam e polícia atira para matar
No dia seguinte a mais uma violenta repressão das forças de segurança da Síria contra manifestantes na cidade de Homs, o presidente Bachar Al Assad decretou, nesta terça-feira, a suspensão do estado de emergência, que há quase 50 anos proibia manifestações contra o governo.
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O governo sírio aprovou nesta terça-feira o projeto de lei que suspende o estado de emergência, como havia prometido o presidente neste fim de semana. Esta era uma das principais reivindicações da população. O estado de emergência vigorava desde 1962.
O anúncio foi feito horas depois de uma violenta repressão por parte das forças de segurança. Na noite desta segunda-feira, o palco da violência foi a Praça do Relógio na cidade de Homs, rebatizada de Al-Tahrir (ou Libertação) em referência ao epicentro das revoltas do Cairo que culminaram com a queda do regime egípcio de Hosni Mubarak.
Milhares de sírios se reuniram para exigir a saída do presidente Bachar Al Assad, no poder desde julho de 2000. A multidão foi dispersada por tiros intensos da polícia.
Pelo menos 200 pessoas já teriam sido mortas desde o início das revoltas há um mês. O Ministério do Interior alega que grupos salafistas armados se infiltram nas manifestações para promover a desordem.
Mudança de atitude dos manifestantes sírios
Em entrevista à redação francesa da RFI, o porta-voz da Comissão Árabe pelos Direitos Humanos, Haytham Manna, disse que os sírios não confiam mais no governo:
"Não há mais confiança no discurso de promessas. Queremos mudanças imediatamente. Essa é a exigência atual dos jovens sírios. Houve uma reviravolta na relação entre a repressão aplicada pelas forças de segurança e a reação dos jovens. Há dois anos, bastavam alguns tiros para o alto para uma manifestação se dispersar rapidamente. Hoje, com o aumento da repressão e a cada vez que a polícia atira e mata, as mobilizações se multiplicam e ficam mais fortes".
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