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Líbia/Crise

Moradores de Trípoli se trancam em casa com medo das milícias de Kadafi

A situação tensa que vive a capital líbia se traduziu neste sábado por ruas desertas, com os habitantes evitando sair nas ruas, que eram patrulhadas por milícias armadas leais ao ditador Muammar Kadafi. O movimento de fuga de civis e estrangeiros continua intenso devido ao temor de uma sangrenta guerra civil. Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU retomou os debates sobre sanções contra o ditador líbio.

Kadafi diante de centenas de partidários no centro de Trípoli, em imagem captada na sexta-feira.
Kadafi diante de centenas de partidários no centro de Trípoli, em imagem captada na sexta-feira. REUTERS/Libya TV
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Segundo relatos colhidos pelas agências internacionais, em Trípoli a população só sai de casa para comprar produtos de necessidade básica, e os poucos estabelecimentos comerciais abertos registram longas filas. Durante a noite, aliados do regime visitaram diversos bairros e advertiram as pessoas para que ficassem dentro de casa.

Em Misrata, terceira cidade mais importante da Líbia, mercenários desembarcaram hoje de helicóptero especialmente para tentar manter o município sob o controle do regime. Eles teriam disparado diversos tiros contra o prédio da rádio local, e também teriam atirado na direção de manifestantes que participavam do enterro de opositores mortos ontem. Misrata tem sido palco de violentos confrontos nos últimos dias.

Já a cidade de Zuara, embora esteja parcialmente dominada por opositores, permanece cercada por apoiadores de Kadafi. E o leste do país está solidamente controlado por opositores ao ditador. Em Benghazi, a principal cidade dominada e a segunda mais importante depois da capital, a oposição se organiza para tomar o resto do país, e já fala até em instalar um governo de transição.

A pressão internacional para que Kadafi abandone o poder é a cada dia mais intensa, um dia depois de o líder voltar a incitar a população a pegar as armas para lutar pela sua permanência. Neste sábado, décimo segundo dia de crise, o Conselho de Segurança da ONU voltou a se reunir em Nova York, a fim de acelerar a votação de um projeto de resolução prevendo sanções à Líbia, entre elas o embargo das vendas de armas e munição aos país e o bloqueio das viagens de Kadafi, além do congelamento dos seus bens.

O conselho também estuda classificar a reação violenta do ditador aos protestos como crimes contra a humanidade, que poderiam ser julgados pela Corte Penal Internacional de Haya. O principal empecilho que travam as discussões seriam a China e a Rússia, tradicionalmente opostas à aplicação de sanções a países soberanos.

Mesmo o primeiro-ministro-italiano, Silvio Berlusconi, um antigo aliado de Kadafi, declarou hoje que o ditador "não controla mais a situação no seu país". Pelo menos 400 pessoas já morreram desde o início dos confrontos, podendo já ter passado de mil vítimas. Entre 40 e 50 mil pessoas já fugiram do país, entre líbios e estrangeiros.

Depois dos Estados Unidos, na sexta-feira, hoje foi a vez do Reino Unido suspender as atividades da sua embaixada em Trípoli. Já a França solicitou que qualquer movimentação financeira suspeita do ditador ou de sua família seja bloqueada.

 

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