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Líbia/crise

Kadafi acusa Al Qaeda de manipular oposição na Líbia

No décimo dia de revolta popular na Líbia, no norte da África, o ditador Muammar Kadafi está cada vez mais isolado, confrontado à forte oposição no leste do país e às ameaças do Ocidente de adotar sanções contra o regime e talvez até uma intervenção militar, que por enquanto é descartada. Para o ditador, a rede terrorista comandada por Ossama Ben Laden manipula opositores do regime.

Para Kadafi organização terrorista de Ben Laden está por trás dos protestos da oposição na Líbia.
Para Kadafi organização terrorista de Ben Laden está por trás dos protestos da oposição na Líbia. REUTERS
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Dois dias depois de fazer um discurso na televisão ameaçando de morte seus opositores, Kadafi enviou nesta quinta uma mensagem de áudio transmitida pela televisão local, na qual ele chama os manifestantes de "drogados". O ditador acusa o líder da rede terrorista Al Qaeda, Ossama Bin Laden, de manipular os líbios contra seu governo. Nesta quinta-feira, a Aqmi, braço da Al Qaeda no norte da África, avisou que está apoiando os opositores do regime líbio.

 

Partidários de Kadafi já perderam o controle das cidades de Misrata e Zouara, no entorno da capital Trípoli, mas as forças de ordem fiéis ao regime lançaram hoje uma contra-ofensiva para tentar conter os opositores.

A região de Cerinaica, a mais rica do país, de onde é exportado o petróleo e o gás, também está nas mãos dos manifestantes que pedem a queda do ditador. Já a capital continua nas mãos do governo.

Na cidade de Benghazi, segunda maior do país e epicentro dos protestos, pelo menos 36 mercenários convocados por Kadafi foram detidos por opositores do regime. Eles vieram e outros países africanos, como Níger, Chade e Sudão.

Direitos Humanos

Nesta quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da França informou que a Líbia corre o risco de ser suspensa do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que fará uma reunião em Genebra nesta sexta-feira. A França estima que o excesso de violência do regime de Kadafi contra os manifestantes pode ser considerado um crime contra a humanidade e, portanto, passível de julgamento pela Justiça Internacional.

O secretário geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Anders Fogh Rasmussen, declarou nesta quinta-feira que a Otan não tem a intenção de intervir militarmente na Líbia. A União Europeia lembrou que qualquer tipo de ação militar em outro país depende de uma resolução das Nações Unidas. Mas não descarta uma intervenção militar com fins humanitários para repatriar seus cidadãos.

O bloco busca um apoio naval para retirar da Líbia cerca de seis mil europeus que continuam sem meios de deixar o país. Antes da crise líbia, a estimativa de estrangeiros no país era de 500 mil a um milhão e meio.

Mais de 30 mil tunisianos e egípcios já deixaram a Líbia. Navios estão servindo para repatriar os estrangeiros. Quinze mil chineses saíram do país em direção à ilha de Creta. O Brasil também enviou um navio de grande porte à cidade de Benghazi para repatriar centenas de brasileiros e cidadãos de outras nacionalidades.

No dia seguinte à decisão de suspender seus laços comerciais com a Líbia e de preparar sanções contra o país, representantes da União Europeia se reuniram novamente, nesta quinta-feira, para avaliar a questão do risco de um êxodo massivo da população para outros países, inclusive europeus. O governo da Itália manifestou hoje nova preocupação e pediu ajuda a seus vizinhos europeus para enfrentar uma eventual "grave crise humanitária".

Petróleo

Enquanto se agrava a crise na Líbia, o quarto maior produtor de petróleo na África e o principal fornecedor do produto para a Europa, o preço do barril de óleo vai às alturas, com a maior alta registrada nos últimos dois anos e meio. Em Londres, o preço do barril de Brent do mar do Norte chegou a ser cotado a 120 dólares e em Nova Iorque a 100 dólares. O premiê russo, Vladimir Poutin, disse nesta quinta-feira que a forte alta provocada pelas revoltas sociais no norte da África e no Oriente Médio representa uma grave ameaça ao crescimento econômico mundial.

Segundo Paolo Scaroni, presidente da companhia petrolífera italiana ENI, a produção diária da Líbia caiu cerca de 75% passando de 1,6 milhão de barris por dia para 400 mil barris diários.

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) informou nesta quinta-feira que poderá intervir no mercado de petróleo caso haja problemas de abastecimento. A Líbia produz 3% do petróleo consumido no mundo.

 

 

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