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Egito/Crise Política

Mubarak deixa Cairo com a família

Apesar dos rumores sobre uma possível renúncia durante seu pronunciamento na televisão, na noite desta quinta-feira, Hosni Mubarak não deixou o cargo. No entanto, o líder político, que comanda o Egito há 30 anos, delegou seus poderes ao vice-presidente Omar Suleiman.

Em esperado pronunciamente na televisão, Hosni Mubarak delega poderes a seu vice-presidente.
Em esperado pronunciamente na televisão, Hosni Mubarak delega poderes a seu vice-presidente. Reuters
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Em um discurso de quase 20 minutos, o presidente Hosni Mubarak disse que a transição política no país será realizada até o mês de setembro. Mas a renúncia, tão esperada por seus opositores, não foi oficializada. Sob pressão da mobilização popular, o chefe de Estado preferiu delegar seus poderes ao vice-presidente Omar Suleiman.

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Ayman Abdel Wahed, brasileiro de origem egípcia residente no Cairo.

Mubarak  falou aos egípcios “como um pai a seus filhos” e disse que vai proteger a Constituição do país. “Eu apresentei um projeto para a transferência pacífica do poder", declarou o presidente, que também parabenizou o diálogo “construtivo” iniciado com a oposição.

O pronunciamento provocou a revolta dos 200 mil manifestantes reunidos na praça Tahrir, no Cairo. Acenando com sapatos, um símbolo da fúria nos países árabes, os egípcios começaram a pedir uma greve geral no país. O vice-presidente pediu que a população suspenda os protestos. Ele se comprometeu em “preservar a segurança” e a “revolução dos jovens”.

Exército na praça Tahrir

O conselho supremo das Forças Armadas se reuniu nesta quinta-feira no Cairo e decidiu se instalar na praça Tahrir, palco principal das manifestações para “atender as exigências do povo”.  Em comunicado o Conselho disse ter se reunido para examinar medidas para “preservar a nação".

Um oficial de alta patente disse aos manifestantes reunidos na praça que o desejo deles iria se realizar.  Ele foi aclamado com gritos de que o "regime havia caído".

O primeiro-ministro egípcio Ahmed Chafic disse em entrevista à tevê estatal Nile TV que "tudo está nas mãos do presidente egípcio Hosni Mubarak e que nenhuma decisão havia sido tomada”. "Tudo foi estudado diante do Conselho Supremo das Forças Armadas ao chefe do Exército”, disse ele Chafic, segundo a agência oficial Mena.

Em entrevistas para outros meios de comunicação, membros do governo, questionados se o presidente Mubarak iria pedir demissão, afirmaram: “ muito provavelmente”.

O diretor da CIA, os serviços secretos dos Estados Unidos, Leon Panetta, afirmou que o presidente egípcio iria renunciar na noite desta quinta-feira. O ministro egípcio da Informação, Anas el Fekky, desmentiu e disse que se tratava apenas de rumores da imprensa. "O presidente não vai renunciar ", afirmou.


Mobilização

A mobilização popular contra o governo do presidente egípcio Hosni Mubarak entra no 17° dia.  Milhares de manifestantes continuam ocupando dia e noite a praca Tahrir, no centro da capital Cairo, apesar das ameaças do governo de repressão militar em caso de caos. Eles pedem a saída de Mubarak, há 30 anos no poder.

Segundo a ONU e a Human Rights Watch, cerca de 300 pessoas já morreram em confrontos entre manifestantes e partidários do presidente desde o início do movimento.

Tanques de guerra continuam posicionados perto do Museu Nacional, junto à praça Tahrir, principal local da concentração popular.

 

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