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Linha Direta

Venezuela, fragilizada economicamente, perde apoio de países aliados

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Desde que o preço do petróleo começou a cair nos mercados internacionais, a Venezuela vem apertando o cinto e ajustando o orçamento interno. Sem o poder de barganha, até então facilitado pelo petróleo como principal moeda, o país sofre com o distanciamento de aliados políticos e econômicos.

Presidenta Dilma Rousseff durante encontro com Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela. (Brasília - DF, 02/01/2015)
Presidenta Dilma Rousseff durante encontro com Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela. (Brasília - DF, 02/01/2015) Roberto Stuckert/PR
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Elianah Jorge, correspondente da RFI na Venezuela

Os aliados observam a Venezuela com certo cuidado, já que o país não tem a importância de antes, quando o barril de petróleo era cotado acima dos US$ 100. Nesta época Caracas fazia doações aos aliados, sobretudo os vizinhos. Mas a generosidade é vista por especialistas como compra de apoio.

Agora, além da falta de dinheiro, a Venezuela apresenta graves problemas internos e externos, como a queda no crescimento, a alta dívida externa com credores – sobretudo com a China, o maior credor do país. Tudo isso afasta ainda mais os investimentos e o apoio internacionais. O filme da Venezuela também está queimado no quesito Direitos Humanos, agravado pelo caso dos presos políticos e, mais recentemente, com a deportação de mais de dois mil colombianos.

Relações abaladas

Alguns países mantém as relações, mas sem a fidelidade de antes. O melhor exemplo é Cuba. Alguns analistas apontam que Havana é, na verdade, o consultor político da Venezuela, já que Nicolás Maduro vai a Cuba praticamente todos os meses. Porém, os dois países têm uma relação bastante dúbia, sobretudo se for levado em conta a recente reaproximação com os Estados Unidos.

Mas a verdade é que a Venezuela já não tem a mesma liderança da Era Chávez. Até mesmo na Unasul (União de Países Sul-Americanos), que foi criada visando o apoio político, Caracas já não exerce liderança. De acordo com o ex-ministro de Indústrias Víctor Alvarez, essa perda é conseqüência da má administração do apogeu petroleiro, que levou o país a sequer poder honrar dívidas, o que, entre outras consequências, ajuda a fomentar a escassez de produtos no país.

As relações com o Brasil ficaram turvas após a Venezuela vetar o ex-ministro brasileiro Nelson Jobim como chefe da missão da Unasul. Ou seja, até mesmo com este importante aliado político e econômico a Venezuela não está cumprindo com as expectativas. Sobretudo porque o Brasília sempre foi um parceiro de peso para Caracas.

Outro ponto delicado é negativa do Conselho Nacional Eleitoral em aceitar observadores internacionais durante as eleições legislativas, o que tem gerado muitas dúvidas sobre a intenção do regime bolivariano nesta votação tão importante. A Venezuela, segundo analistas, corre o sério risco de ficar sem apoio político, ou com o mínimo necessário, destacando que este resto de apoio político teria mais a ver com o medo ao calote venezuelano.

Clima eleitoral

O clima é de total incerteza sobre o sistema eleitoral, em relação aos candidatos, dúvidas sobre como será organizada a estrutura da segurança para as eleições legislativas, no dia 6 de dezembro. Na Venezuela, ao contrário do que acontece em outros países, dia de votação não significa uma festa popular da democracia e sim momentos de apreensão.

Há poucos dias começou a ser veiculado nos canais abertos de televisão uma campanha publicitária na qual motociclistas, conhecidos no país como importantes protagonistas da criminalidade, alertam que no dia da eleição eles estarão nas ruas para defender a Revolução Bolivariana. Muitos cidadãos interpretam que o anúncio é uma ameaça.

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