Agricultores franceses protestam contra dificuldades da globalização
Um protesto de agricultores franceses em Paris e o desfile militar na China, que celebra hoje o 70° aniversário da capitulação japonesa no fim da Segunda Guerra Mundial, são as principais manchetes dos jornais nesta quinta-feira (3). Centenas de agricultores decidiram bloquear as ruas de Paris para reivindicar mais ajuda financeira e regras de produção menos coercitivas, que eles afirmam encarecer a atividade e sufocar o setor de burocracia.
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Segundo o diário Aujourd'hui en France, a globalização tem provocado crises sucessivas na agricultura francesa nos últimos 20 anos. "O setor, que já foi o carro-chefe da economia francesa, entrou em declínio. Cria cada vez menos empregos e enfrenta uma concorrência mundial de preços que aumentou o endividamento dos produtores, tudo isso num cenário de legislação exigente, que cobra cada vez mais investimentos para proteger o meio ambiente", explica o diário.
Atualmente, os produtores de leite e de suínos são os mais prejudicados, explica o Le Figaro, mas a crise pode se ampliar rapidamente para os cerealistas.
Modelo ultrapassado
Os criadores de porcos e produtores de leite sofrem do mesmo mal: preços muito baixos provocados pela super produção no mercado mundial. Os produtores franceses de leite sofrem o impacto do fim das cotas fixadas pela União Europeia, que funcionava para evitar a queda brusca dos preços e foi suprimida em abril passado. Para piorar o quadro, as exportações de leite em pó para a China caíram 56% entre janeiro e junho deste ano, informa o Le Figaro.
Os agricultores franceses se sentem enganados pela Comissão Europeia, que disse que o fim das cotas seria compensado pelas importações chinesas e isso não está acontecendo.
O jornal Libération defende em seu editorial uma mudança no modelo de exploração agrícola, baseado na proximidade com os consumidores, respeitoso do meio ambiente e que leve em conta a qualidade mais do que a quantidade dos produtos. O jornal diz que esse modelo não é uma utopia, ele pode ser aplicado, mas exige uma longa reorganização que deve ser apoiada pelo Estado francês, segundo Libération.
China quer reformar Forças Armadas
Para celebrar a vitória de 1945, o presidente chinês, Xi Jinping, decidiu exibir todo o poderio bélico chinês nas ruas, mas a mega parada militar é boicotada pelos ocidentais, nota o Le Figaro. O desfile conta com convidados estrangeiros, ao todo onze países encabeçados pela Rússia, mas nenhum ocidental.
Les Echos diz que o presidente chinês prepara uma grande reforma nas Forças Armadas, baseada no modelo ocidental. Xi Jinping quer, segundo o diário, forças mais preparadas para intervir no exterior.
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