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Fato em Foco

Na França, veto a biografias era visto como "particularidade" brasileira

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As biografias, autorizadas ou não, são um importante filão do vigoroso mercado editorial da França. Foram vendidos mais de 426 milhões de livros de todos os gêneros em 2013, movimentando € 2,6 milhões. A interdição no Brasil de biografias não autorizadas era vista pelos franceses como uma “particularidade” do país.

Capa do livro "Furacão Elis", de Regina Echeverria.
Capa do livro "Furacão Elis", de Regina Echeverria. Divulgação
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Na França as biografias podem ser publicadas sem censura prévia. Não é preciso autorização da pessoa biografada em nome da liberdade de expressão. Mas os autores devem ser prudentes para não atentar contra a vida privada das personalidades. Nesse caso, a editora e os escritores podem ter de pagar indenizações e até colocar tarjas na capa ou no interior do livro informando que a obra foi condenada. 

As biografias não autorizadas vendem bem na França. “La Femme Fatale” (A Mulher Fatal) sobre Segolène Royal, atual ministra da Ecologia e ex-companheira do presidente François Hollande, vendeu 330 mil exemplares na época em que ela era candidata à presidência (2007). Já a ex-namorada Valérie Trierweiller processou a editora e os autores de um livro sobre sua vida por invasão de privacidade.

A derrubada dos dois artigos que tratavam da proibição no Código Civil pelo Supremo Tribunal Federal também foi comentada pela mídia francesa, por tratar de artistas conhecidos do público francês, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, que eram a favor do veto a biografias sem consentimento do artista ou família, alegando proteção da vida privada.

O tema ganhou projeção no entanto em 2006, com a publicação de "Roberto Carlos em Detalhes", por Paulo Cesar de Araújo. Na justiça, o "rei" conseguiu que os livros fossem retirados de venda.

Vidas públicas

A jornalista Regina Echeverria é uma biógrafa veterana. “Furacão Elis” foi editado há 30 anos. Ela também escreveu biografias de Cazuza (“Só as mães são felizes”, contada na primeira pessoa por Lucinha Araújo, mãe do artista), "Mãe Menininha do Gantois", "Pierre Verger", e outros.

Ela conta que nunca teve problemas com essa proibição, mas que apóia os colegas biógrafos conta o que chama de “resquício da ditadura”. “A história da vida de uma pessoa pública pertence à humanidade”, diz Regina. “E ela só é escrita se tem algo que vale a pena ser contado”, acrescenta.

“Tanto Paulo César Araújo tinha o direito de escrever sobre Roberto Carlos e também o artista tinha o direito de reclamar”, diz Regina Echeverria sobre a biografia não autorizada do “rei”, que provocou a criação dos polêmicos artigos que acabaram derrubados nesta semana.

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