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Linha Direta

Movimento anti-imigração cresce na Alemanha e preocupa governo

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Uma série de protestos semanais na cidade de Dresden contra uma suposta "islamização" da Alemanha atingiu seu ponto alto segunda-feira passada, quando uma marcha conseguiu reunir cerca de 10 mil pessoas. As passeatas ocorrem há dois meses, sempre às segundas-feiras. Hoje novamente milhares devem se reunir na cidade, no leste da Alemanha.  O movimento, organizado por um grupo denominado “Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente” pede, entre outras demandas, o endurecimento das leis de asilo no país. 

O movimento "Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente" continuam suas manifestações contra imigrantes em Dresden na Alemanha.
O movimento "Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente" continuam suas manifestações contra imigrantes em Dresden na Alemanha. REUTERS/Hannibal Hanschke
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Marcio Damasceno, correspondente da RFI na Alemanha,

Os protestos semanais estão chamando a atenção dos políticos e da sociedade e estão botando fogo no intenso debate atual na Alemanha em torno do tema migração, em um momento em que crescem os temores de que o aumento do número de pedidos de asilo na Alemanha alimente uma nova onda de xenofobia no país.

O movimento "Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente" vem organizando essas passeatas desde outubro. Ele ganhou embalo não só pelo medo do aumento de pedidos de asilo vindos principalmente de áreas de conflito como a Síria e o Iraque, gente que foge das atrocidades dos extremistas do Estado Islâmico, mas também de preocupações de que o próprio grupo Estado Islâmico consiga se expandir na Alemanha e na Europa.

Dois meses atrás os manifestantes eram apenas algumas centenas de pessoas. Agora, chegam a 10 mil. Outro movimento paralelo, mas de teor parecido, embora seja mais radical, é o do chamado hooligans contra salafistas, que reúne principalmente torcedores de futebol violentos e ultradireitistas, que promovem protestos contra radicais muçulmanos.

Por outro lado, há críticos desse tipo de campanha de movimentos que estariam se aproveitando do medo de parte da população. Em Dresden, na última segunda-feira, cerca de nove mil pessoas marcharam para protestar contra os chamados “europeus patriotas”. Contra os hooligans, neste domingo (14), cerca de 15 mil pessoas foram às ruas da cidade de Colônia para uma marcha contra a xenofobia.

É importante ressaltar também, que Dresden, onde ocorrem os protestos, é uma cidade que fica no leste da Alemanha, onde existem muito poucos muçulmanos. No estado, eles são apenas 0,1% da população. Quase todos os muçulmanos que vivem na Alemanha estão no lado oeste do país.

Movimentos preocupam o governo

O governo alemão trata o assunto com bastante preocupação. Isso porque, seja pelo lado dos violentos hooligans, seja pelo lado dos chamados “Europeus patriotas contra islamização do Ocidente”, é possível identificar campanhas similares, de teor xenófobos, sob pretexto de se lutar contra uma suposta “islamização” do país.

Ao mesmo tempo, a situação é delicada para o governo. Porque de um lado, ultradireitistas protestam contra os radicais muçulmanos. Do outro, o radicalismo islâmico cresce na Alemanha, com alguns jovens alemães sendo aliciados e saindo do país para se unirem aos jihadistas do grupo Estado Islâmico.

E, entre um e outro, estão os governantes, que tentam coibir tanto a xenofobia quanto o radicalismo islâmico.
A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou os movimentos ultradireitistas que "lançam campanhas radicais contra os estrangeiros e contra os que chegam em busca de proteção" na Alemanha.

O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, admitiu há poucos dias que o clima social na Alemanha ficou mais ríspido. Ele também falou que o preconceito contra muçulmanos no país não tem fundamento, porque eles são integrados e pagam impostos. O ministro alemão da Justiça, Heiko Maas,chegou a afirmar que os protestos são uma “vergonha para a Alemanha.
 

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