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Linha Direta

Crise pode fechar as portas do Metropolitan Opera de Nova York

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O Metropolitan Opera de Nova York, quem diria, pode, pela primeira vez em mais de trinta anos, não abrir as portas no início da temporada 2014-2015, programada para começar no dia 22 de setembro, com uma nova montagem de “As Bodas de Fígaro”, de Mozart. A estreia está ameaçada por uma crise financeira de proporções avassaladoras.

O Metropolitan Opera House de Nova York está com sua temporada 2014-2015 ameaçada por uma crise financeira.
O Metropolitan Opera House de Nova York está com sua temporada 2014-2015 ameaçada por uma crise financeira. Metropolitan/DR
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Eduardo Graça, correspondente da RFI Brasil em Nova York

A temporada de 2012-2013 do Metropolitan Opera House terminou com um prejuízo de US$ 2.8 milhões, algo como R$ 6.3 milhões, e a que foi encerrada em julho último, ainda sem números oficiais, foi, de acordo com a própria direção do MET, “consideravelmente maior”. Os comandantes desta que é uma das casas de ópera mais importantes do planeta dizem que a única saída para o símbolo da alta cultura da maior metrópole norte-americana abrir as portas mês que vem é um corte de quase 20% nos salários e redução de benefícios dos funcionários da casa.

Antes de falarmos especificamente do que acontece no MET, é importante lembrar que a crise é mais ampla e atinge também outras casas similares, teatros municipais e orquestras de música clássica nos EUA. O setor vem tentando se reinventar, buscando saídas, em geral sem muito sucesso, para o modelo de sustentação financeira fincado na bilheteria e em doações de empresas e admiradores das artes mais endinheirados. A crise financeira global, que atingiu os EUA em cheio, escancarou a fragilidade de um modelo solidificado na metade do século passado, quase que em um efeito dominó.

MET não é caso isolado

O caso do MET é o mais gritante, por conta da importância da instituição cultural, mas entre outras crises notórias estão as da Orquestra de Minnesota, por exemplo, cujo comandante, o maestro finlandês Osmo Vänskä, ambicionava transformar na mais importante da América do Norte. Depois de dez anos à frente do corpo de músicos ele anunciou, em outubro último, que renunciaria ao posto por conta de uma disputa trabalhista que durou 16 meses. Vänskä foi especialmente celebrado no último sábado, em Nova York, em apresentação no Avery Fisher Hall do Linclon Center, dentro do festival Mostly Mozart, em um retorno à cidade depois de dois anos de ausência e anunciou sua volta ao posto, para alegria da comunidade de melômanos americanos, em Mineápolis.

Já a Ópera de San Diego, na Califórnia, também ameaçou fechar as portas, no começo do ano, por uma insolvência financeira gerada pela queda tanto da bilheteria quanto das doações privadas e corporativas.

Temporada ameaçada

O MET destrincha publicamente seu balancete financeiro e os números mais recentes abertos aos visitantes e jornalistas já eram preocupantes. A receita de bilheteria da temporada 2012-2013 foi de US$ 300 milhões menor do que a anterior, enquanto os gastos com pagamento de pessoal aumentaram em meio bilhão de dólares.

A contribuição de fundações e corporações também diminuiu de US$ 25.1 milhões para US$ 23.3 milhões, mas o problema maior da instituição é mesmo o plano de previdência que teve um aumento, em apenas um ano, de US$ 55.3 milhões.

Em 2012-13, o MET teve uma ocupação paga de apenas 78% dos lugares, a menor desde 2006. Mas o sinal vermelho só acendeu mesmo quando os muitos sindicatos de profissionais que trabalham na casa decidiram não aceitar as propostas de reforma de contratos, criando um impasse que ameaça sim a nova temporada.

Prazo para negociações

O próximo domingo (17) é o prazo final dado pela direção. A Federação dos Músicos, que representa a orquestra, e o Sindicato dos Músicos, que representa o pessoal do coro, spallas e cenografistas, pararam a negociação na semana passada, exigindo que uma análise independente fosse feita da situação financeira do MET.

O resultado da análise estaria nos ‘finalmente’ e a direção do MET, cujo presidente, Peter Gelb, chegou a ameaçar impedir a entrada dos funcionários se estes não aceitassem os cortes, se limitou a divulgar nota dando conta de que ‘espera chegar a uma conclusão final nas negociações nas próximas horas”.

A Aliança Internacional dos Funcionários de Teatros de NY, no entanto, que representa todos os trabalhadores técnicos das coxias do MET, já anunciou que não aceita de forma alguma a redução de 14.5% dos salários, propostas por Gelb. Ou seja, mesmo que consiga fechar com os dois primeiros grupos um acordo até domingo, o MET terá de se virar para abrir em setembro sem o grosso de sua equipe de assistentes técnicos.

Para vocês terem uma ideia,a direção tem de negociar, ao todo, com 12 sindicatos e os ânimos estão exaltados, com estrelas da casa, como a soprano Deborah Voigt, sendo chamadas de ‘divas’, no pior sentido da palavra, por colegas em redes sociais, ao pedir publicamente que o sindicato ceda mais nas negociações.

 

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