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Linha Direta

Presidente Santos deve fazer política de continuidade na Colômbia

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Hoje é um dia importante para Colômbia. Exatamente em 7 de agosto de 1819 foi dia da Batalha de Boyacá, quando Simón Bolivar lutou contra os espanhóis pela independência do norte da América do Sul. Além de ser feriado nacional para recordar este fato histórico, hoje também é um dia especial para a política neste país. É o dia em que o presidente Juan Manuel Santos, do partido Unidade Nacional, tomará posse do seu segundo mandato.

O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, assume hoje o seu segundo mandato.
O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, assume hoje o seu segundo mandato. REUTERS/ John Vizcaino
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Mariana Clini Diana, correspondente da RFI Brasil em Bogotá

O mundo político se pergunta quais serão as propostas do presidente reeleito Juan Manuel Santos para este segundo mandato.

Na realidade, Santos continuará com o que havia prometido no seu primeiro governo. Sua principal bandeira para a reeleição foi o acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC. No entanto, este processo de tentativa de paz com este grupo guerrilheiro já havia se iniciado na metade de 2012.

O que Santos possui como tarefa agora é concluir as promessas feitas. Se estes diálogos com as FARC se finalizam com êxito, ele e seus ministros terão que implementar todos os pontos que foram concordados. Ou seja, colocar em prática programas de inclusão social, de desenvolvimento agrário, de prevenção ao narcotráfico, restituição de vítimas e o fim do conflito em si.

Farc, missão a longo prazo

O governo do Santos terá muitos desafios pela frente. O fim do conflito armado colombiano só poderá ser avaliado em longo prazo, porém, no momento, o presidente já iniciará este segundo mandato com o desafio de estruturar uma proposta eficaz de restituição de vítimas do conflito armado. Isso inclui não somente programas de indenização para estas vítimas, mas também a criação de uma comissão da verdade, para que toda a sociedade saiba o que aconteceu e que fatos de violência não voltem a se repetir.

Outro ponto delicado também será reconhecer as vítimas. Em um país onde mais de 6 milhões de pessoas sofreram algum ocorrido relacionado com o conflito armado, definir quem são as vítimas é algo complicado. Vale lembrar que existem outros grupos armados ilegais na Colômbia, não somente as FARC, e que também já prejudicaram a vida de muitos colombianos. Para colocar em prática todas as propostas e novas leis relacionadas com o pós-conflito, Santos contará com um congresso bem heterogêneo composto por diferentes partidos políticos.

Congresso dividido

Neste mandato, o presidente terá que enfrentar uma situação complexa no Congresso. A oposição, que é a segunda força política do país, é representada pelo partido “Centro Democrático”, que possui como líder o ex-presidente Álvaro Uribe, que é considerado um inimigo político de Santos.

Na oposição considerada de direita, o Centro Democrático juntamente com o Partido Conservador, serão grandes críticos dos acordos de paz com as FARC. Certamente eles vão representar opiniões antagônicas com as propostas que serão apresentadas nos próximos quatro anos.

No entanto, o partido “Centro Democrático” também está preparando reformas estruturais que não necessariamente são de oposição. Podemos citar uma proposta de reforma eleitoral que incluirá o voto obrigatório, e também reformas de justiça, saúde e educação, que vão de acordo com o estilo de governar do presidente Santos.

Santos também enfrentará a oposição de esquerda, composta pelos partidos Polo Democrático e Aliança Verde, que apoiaram sua campanha de reeleição. Estes partidos provavelmente apoiarão Santos em relação aos acordos de paz, porém, serão oposição em assuntos relacionados com meio ambiente e mineração e  tratados de livre comércio.

O desafio da seca

Um problema que o governo terá que enfrentar é a grave situação de seca que está passando o país, principalmente pelo fenômeno El Niño que se aproxima. Alguns setores agrários estão ameaçados pela seca, principalmente na costa do Caribe. Estes setores incluem a produção de arroz, energia, gado, avícola e financeiro. Especialistas dizem que os efeitos da seca poderão afetar a economia em 2015.

Muitos camponeses estão sendo prejudicados com esta situação, porém o governo prometeu que vai destinar um fundo para amenizar os efeitos da seca, assim como uma campanha para incentivar a economia de água. O departamento da Guajira, na fronteira com a Venezuela, é o mais castigado. Nesta região não chove faz mais de um ano, e já foi considerado que está em uma crise humanitária. Para amenizar esta situação, recentemente o presidente Santos se encontrou com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para definir um programa de fornecimento de alimentos para a Guajira. Foi acordado que o país de Maduro fornecerá alimentos a mais de 100 mil famílias de uma comunidade indígena que está próxima da fronteira.

Vamos ver como serão os próximos quatro anos do Juan Manuel Santos, e torcer para que os colombianos finalmente possam viver em um país em paz.

 

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