Seleção brasileira leva ex-titulares ao desespero, diz Aujourd'hui en France
A imprensa francesa destaca nas manchetes desta segunda-feira (30) os duelos França x Nigéria e Alemanha x Argélia pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Os comentaristas esportivos também analisam a vitória chorada do Brasil contra o Chile, no sábado.
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Aujourd'hui en France afirma que a seleção de 2014 de Luiz Felipe Scolari leva ao desespero ex-titulares da seleção brasileira.
O diário popular ouviu Jairzinho, campeão em 70, Paulo Cesar Caju, do elenco de 74, Jair Marinho, reserva em 62, Pelé e vários outros jogadores que já defenderam a seleção canarinho. Paulo Cesar Caju é o mais cáustico: ele considera a seleção de Felipão "lamentável, sem genialidade alguma, boa para matar torcedor do coração". Jair Marinho afirma "morrer de tédio" assistindo aos jogos de Neymar e companhia.
"A seleção precisava de um Romário para ajudar esses pobres garotos", estima Ricardo Rocha, campeão em 94 com o atual deputado federal. Pelé, sempre político, contemporiza: "pela primeira vez na história, a seleção brasileira é melhor na defesa do que no ataque", diz o Rei.
Neymar faz seu trabalho corretamente, segundo Aujourd'hui en France, "mas não dá para esperar que ele salve a equipe a cada partida", afirma o jornal. Falar de uma suposta pressão emocional da torcida para justificar o mau desempenho do conjunto, segundo o diário popular, é uma forma de Felipão esconder as falhas dele mesmo.
O Libération acha que a pressão da torcida é real. "Ver Thiago Silva e Neymar chorando como dois garotos após a vitória sobre o Chile mostra que esses caras jogam para evitar uma tragédia nacional", diz o texto.
Libération deplora o esquema tático do técnico brasileiro, dependente de Neymar. "Deixar Neymar em campo, mesmo machucado, lembra o sacrifício de Ronaldo em 1998. Mas se Felipão tivesse tirado Neymar do jogo e o Brasil perdesse, ele poderia se esconder nos confins da Amazônia para o resto da vida", ironiza Libération.
O jornal conclui que a classificação dolorosa do Brasil contra o Chile é sinal de mau agouro para o próximo duelo contra a Colômbia.
Franceses confiantes
A imprensa francesa e a torcida estão confiantes em uma vitória da França sobre a Nigéria nesta segunda-feira. "Nesta noite nada é impossível", diz a manchete do Aujourd'hui en France.
L'Equipe vai mais longe: e se a Argélia vencer a Alemanha e os franceses encontrarem os argelinos nas quartas de final, questiona o site esportivo. A França jogando contra sua ex-colônia, com feridas do passado ainda abertas, seria um duelo explosivo nesta Copa. O país poderia pegar fogo, literalmente, num momento em que a extrema-direita e sua ideologia racista e xenófoba fazem seu grande retorno à cena política.
Les Echos, especializado em economia, diz que o Brasil "pode se orgulhar de sua Copa do Mundo". O caos esperado não aconteceu: os aeroportos estão funcionando relativamente bem, estádios idem, os protestos praticamente desapareceram, o país entrou no ritmo do Mundial. Único bemol, segundo Les Echos: a produtividade dos brasileiros cai 40% em dia de jogo da seleção. Perdas à vista para a economia brasileira.
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