Acessar o conteúdo principal
Linha Direta

Empate técnico entre candidatos marca 2º turno de eleições colombianas

Publicado em:

Os colombianos vão escolher o próximo presidente do país neste domingo (15), no segundo turno das eleições presidenciais. O presidente Juan Manuel Santos tenta a reeleição e enfrenta Oscar Zuluaga, do Centro Democrático, partido de extrema-direita criado pelo ex-presidente Álvaro Uribe.  

O candidato a presidência, Oscar Ivan Zuluaga,  e o atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, durante um debate televisivo em Bogotá, 09 de junho de 2014.
O candidato a presidência, Oscar Ivan Zuluaga, e o atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, durante um debate televisivo em Bogotá, 09 de junho de 2014. REUTERS/John Vizcaino
Publicidade

Leandra Felipe, correspondente da RFI em Bogotá

O cenário mostra que a disputa vai ser acirrada e a maioria das pesquisas de intenção de voto apontou um empate técnico entre Santos e Zuluaga. O grande tema que polarizou a campanha foi a continuidade do processo de paz entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

A postura de Zuluaga quanto à negociação não está clara, porque ele fala em paz com condições e diz que fará exigências para continuar a dialogar com a guerrilha. O governo por sua vez tenta mostrar que o processo já avançou e que mudar a negociação poderia colocar os resultado dos diálogos em risco.

Em nome da paz, vários setores políticos de esquerda se uniram à campanha santista. A ex-candidata Clara López, do Polo Democrático, subiu no palanque com Santos nessa reta final e vários nomes da política colombiana aderiram à campanha do presidente.

A maioria, no entanto, apoia o presidente não porque concorde com seu programa econômico, mas porque não quer um retorno da influência de Álvaro Uribe e de uma visão de extrema-direita para governar o país. Apesar de ter sido ministro da Defesa de Uribe e ter chegado ao poder graças à força do ex-presidente, Santos sempre foi mais liberal que o ex-presidente. Além disso, o presidente se inclinou mais para o discurso social, fala em aumentar programas de transferência de renda e investir na saúde.

Campanha

Nas três semanas de campanha para o segundo turno, os dois candidatos foram atrás de votos das regiões nas quais tiveram pior desempenho no primeiro turno. Santos visitou Antioquia, departamento uribista, a região cafeeira e o centro do país. Nessas regiões Zuluaga teve mais votos na primeira fase.

Já o opositor foi atrás dos lugares onde o presidente teve maioria, como a costa Pacífica, o Caribe e regiões onde o conflito armado é ativo. Santos fez algumas promessas, como suspender a obrigatoriedade do serviço militar no país, e Zuluaga disse que vai investir na política de segurança democrática, nome dado no país ao programa criado por Álvaro Uribe para fortalecer a segurança pública e o aparato militar.

Além da campanha porta a porta, muito usada por Zuluaga, os candidatos participaram de debates de televisão. No último deles, o tom do opositor foi bastante agressivo e ele recebeu muitas críticas. Mas por outro lado, Santos foi acusado de dizer  mentiras no programa.

Analistas e a imprensa colombiana atribuíram ao presidente um melhor desempenho no último enfrentamento diante das câmeras. Desde quarta-feira, Zuluaga não tem compromissos e nem participa de entrevistas por motivos de saúde: ele foi diagnosticado com uma laringite e os médicos lhe recomendaram repouso até o domingo.

Apoios

Zuluaga concentra o voto conservador, alguns setores do empresariado, sobretudo os empresários da região de Medellín, de produtores de café, e também tem o apoio de uma parte significativa da igreja evangélica colombiana. Ele obtém o voto dos eleitores contrários a mudanças na legislação das drogas, ao casamento gay e ao aborto. Além disso, ele aglutina os votos dos que rejeitam uma aproximação da Colômbia com países de esquerda, como a Venezuela.

Já o presidente tem o apoio de setores empresariais de outras regiões, artistas em nome do processo de paz, sindicatos e uma parte dos camponeses.  Mas conversando com as pessoas nas ruas é difícil apontar uma preferência. Muita gente, de diferentes classes sociais, diz que vai votar em Zuluaga, apesar de todo apoio que Santos recebeu e até mesmo do anúncio de que começará um processo de paz com o ELN, o Exército da Libertação Nacional, segunda maior guerrilha em atividade no país. O processo seria semelhante ao feito com as Farc.

Os candidatos tentam convencer os eleitores a irem votar no domingo e evitar a abstenção. Amanhã, a Colômbia estreia na Copa do Mundo e a população parece estar mais interessada em futebol que em eleição.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.