Eleições no Reino Unido revelam duelo entre eurocéticos e trabalhistas
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O crescimento dos partidos "eurocéticos" e de extrema-direita marca as eleições para o Parlamento Europeu. A votação começou nesta quinta-feira (22) no Reino Unido e na Holanda. Uma parcela importante do eleitorado britânico se empolgou com a campanha do Partido da Independência do Reino Unido (Ukip), dirigido por Nigel Farage, um líder que não esconde sua antipatia pela União Europeia.
Maria Luisa Cavalcanti, de Londres para RFI
Além dos eurodeputados, os britânicos elegem hoje novos conselhos distritais na Inglaterra e na Irlanda do Norte. Em Londres, por exemplo, todos os 32 "boroughs", ou subprefeituras, serão renovados. Por lei, a imprensa é proibida de veicular notícias sobre a votação desde a abertura das urnas, que foi às 6h no horário local, até o encerramento, às 22h.
A última pesquisa eleitoral publicada na quarta-feira, realizada pelo instituto YouGov e o jornal The Sun, indica que tanto o Ukip quanto o Partido Trabalhista estão com 27% das intenções de voto, enquanto os Conservadores têm 23% e os Liberais-Democratas, que fazem parte da coalizão governista, na figura do vice-primeiro-ministro Nick Clegg, contam com apenas 10% das intenções de voto.
O Partido Trabalhista está tentando retomar assentos no Parlamento Europeu e se fortalecer para conseguir voltar ao poder. O Partido Conservador, por sua vez, está vendo muitos de seus eleitores migrarem para o Ukip, que adota uma linha de direita e um discurso de distanciamento da União Europeia. O partido é liderado por Nigel Farage, que é membro do Parlamento Europeu, e um dissidente dos Conservadores. Os mais preocupados são os Liberais-Democratas, que tiveram uma votação bastante expressiva em 2009, conquistando 11 cadeiras, e agora correm o risco de ver esse número cair pela metade.
O Ukip é apontado por algumas pesquisas de opinião como o favorito nestas eleições. O partido já foi o segundo colocado nas eleições de 2009 e ocupa 13 assentos do Parlamento Europeu. A sigla está “roubando” eleitores fiéis ao Partido Conservador, que tinha conquistado 25 assentos em 2009 e deve, nesta votação, perder algumas dessas cadeiras.
"Comunidade Britânica" com ex-colônias
O líder do Ukip, Nigel Farage, é uma figura polêmica, que não esconde sua antipatia pela participação da Grã-Bretanha na União Europeia. Ele defende que o país deve deixar o bloco e manter apenas relações comerciais com alguns países europeus. Ele prega a criação de um mercado comum da Comunidade Britânica, que inclua os países que foram colônias, como o Canadá, a Índia, a Austrália e a Nova Zelândia. E ainda diz que gostaria de retirar a Grã-Bretanha da Convenção Europeia para Refugiados e da Convenção Europeia para os Direitos Humanos, como "uma medida antiterrorismo".
Alguns analistas acreditam que o aumento do apoio ao Ukip vem do fato de o Partido Conservador adotar um discurso mais moderado em relação à permanência do país na União Europeia. O primeiro-ministro David Cameron tem reiterado que, se for reeleito no ano que vem, vai convocar um plebiscito para discutir os rumos da Grã-Bretanha no bloco europeu para 2017. Mas é importante lembrar que o atual governo ainda funciona numa coalizão que envolve o Partido Liberal Democrata, que tem como uma de suas principais bandeiras a aproximação com a União Europeia.
As eleições de hoje são vistas como um termômetro para a votação de 2015, quando os britânicos decidirão se querem manter o atual governo conservador de David Cameron no poder ou não. O partido que levar o maior número de cadeiras no Parlamento Europeu será declarado o vencedor.
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