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Linha Direta

Chanceleres da Unasul se reúnem em Caracas para discutir crise venezuelana

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Começa nesta terça-feira (25) a visita dos chanceleres da União de Países Sul-americanos a Caracas. A Comissão foi solicitada pelo presidente Nicolás Maduro para avaliar a situação do país. Há mais de um mês, a Venezuela está imersa em uma grave crise que já provocou a morte de dezenas de pessoas e a prisão de alguns políticos opositores.

O ministro do exterior da Venezuela, Elias Jaua, durante reunião extraordinária da Unasul em 12 março de 2014.
O ministro do exterior da Venezuela, Elias Jaua, durante reunião extraordinária da Unasul em 12 março de 2014. REUTERS/Maglio Perez
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A missão vai acompanhar, apoiar e assessorar o diálogo político na Venezuela para tentar restabelecer o elo entre governistas e opositores, grupos antagônicos e com profundas divergências ideológicas, explica a correspondente da RFI, Elianah Jorge.

A Comissão da Unasul é formada por chanceleres de 11 países. Luiz Alberto Figueiredo, que representa o Brasil, acredita que o grupo irá apoiar as discussões entre todas as forças políticas da Venezuela para pacificar a situação. A chancelaria brasileira reforçou que a tarefa dos integrantes da missão é enfocar “um diálogo político amplo e construtivo na Venezuela”.

Para a chanceler colombiana María Ángela Holguín, é importante que o grupo tenha contato “com todos os setores políticos e sociais”, entre eles a coligação opositora Mesa da Unidade Democrática.

Desde o dia 12 de fevereiro as ruas de diversas cidades do país se tornaram palco de manifestações, descritas pelo presidente Nicolás Maduro como uma tentativa de derrubá-lo do poder. A missão da Unasul foi solicitada pelo presidente Maduro após rejeitar a intermediação da Organização de Estados Americanos.

Caça aos opositores

Na semana passada dois prefeitos opositores foram presos, lembra a correspondente Elianah Jorge, sendo que um deles foi destituído do cargo, reforçando a percepção de uma “caça aos opositores”.

Na sessão desta terça-feira na Assembléia Nacional, a deputada opositora Maria Corina Machado deve ter a imunidade parlamentar cassada. O processo contra Maria Corina começou há alguns meses. Na semana passada, ela aceitou o convite feito pelo presidente panamenho, Ricardo Martinelli, para usar o cargo de embaixadora suplente do Panamá na Organização de Estados Americanos (OEA) e denunciar a situação da Venezuela.

De acordo com o presidente da Assembleia Nacional, o governista Diosdado Cabello, Corina não terá acesso à Assembleia Nacional porque “já não tem imunidade”. Cabello citou o artigo 149 da Constituição que determina que não é possível exercer mais de um cargo público sem perder a posse de um deles. Maria Corina Machado, a deputada que mais recebeu votos na última eleição parlamentar, anunciou que continuará no cargo para o qual foi eleita por decisão popular.

Mortes em confrontos

Até o momento, 34 pessoas morreram na Venezuela durante os conflitos. O caso que mais chamou a atenção nos últimos dias, de acordo com a correspondente Elianh Jorge, foi o de Adriana Urquiola, de 28 anos. Ela estava com três meses de gravidez e foi atingida por um tiro enquanto passava perto de uma manifestação em Los Teques, a capital do estado Miranda.

O presidente Nicolás Maduro declarou que todas as mortes que aconteceram nos últimos quarenta dias são “resultado do golpe de Estado” e que “se não tivessem declarado um golpe de Estado não estaríamos lamentando a perda de nenhum compatriota”. Maduro disse que todos os criminosos irão para a cadeia, inclusive os “chefes golpistas”, em referência ao político opositor Henrique Capriles Radonski, governador de Miranda.

Novo sistema de câmbio 

O governo nega que seja uma desvalorização, mas economistas afirmam que nesta segunda-feira a moeda venezuelana perdeu valor com o novo sistema de venda de moeda estrangeira na Venezuela, o Sicad II. O dólar vendido pelo governo passou de pouco mais de dez bolívares para Bs.f. 51,80, o que surpreendeu os compradores do dólar oficial.

O governo justifica esta negociação afirmando que ela visa a redução do preço do dólar no paralelo, cuja cotação há poucas semanas chegou a bsf 84 e, no final desta segunda-feira, atingiu os 58 bolívares. Segundo Elianah Jorge, especialistas apontam que a nova cotação do dólar pode ajudar a acabar com o mercado paralelo, mas em contrapartida vai favorecer o aumento da inflação, tendo em vista que o país importa mais de 80% do que consome.
 

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