Instituto francês lança revista sobre 50 anos do Golpe Militar no Brasil
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Conforme se aproxima 31 de março de 2014, data em que o Golpe Militar no Brasil completa 50 anos, o tema se reforça nos meios jornalístico e acadêmico. Em sua próxima edição, a Revista Brésil Sciences humaines et sociales, publicada pelo Centro de Pesquisa sobre o Brasil Colonial e Contemporâneo (CRBC, na sigla em francês) tem o aniversário do Golpe como tema principal.
Marco Santana, um dos pesquisadores que colaboram com a publicação editada pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris (EHESS), deu uma conferência na instituição nesta segunda-feira. O professor da Federal Fluminense e diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade falou sobre a história dos sindicatos no Brasil, antes, durante e depois da tomada do poder pelos militares.
50 anos do Golpe
Depois da conferência, ele conversou com a reportagem da RFI sobre os 50 anos do Golpe. Na Argentina, o ex-ditador Jorge Videla morreu na cadeia; do Chile, Augusto Pinochet fugiu pela porta dos fundos; depois de condenado, o ditador boliviano García Meza foi capturado no Brasil em 1994 e, desde então, está na prisão de Chonchocoro.
Mas no Brasil, a Comissão da Verdade se instaurou apenas em 2012. Para Santana, o atraso se deve principalmente a dois fatores: a forma como os militares fizeram a transição - inclusa a lei de anistia promulgada por eles em 1979 - e as sucessivas eleições de governos conservadores depois da abertura democrática. "Na verdade, você tem três mandatos conservadores que obviamente não tinham interesse (em promover o acerto de contas da Ditadura)".
Velhas caras novas
A transição como foi feita no Brasil criou uma chaga muito particular à nossa democracia: grupos civis que apoiaram o golpe continuaram em esferas de poder depois da abertura. A permanência desses grupos acaba por gerar entraves ao processo de reparação histórica dos crimes cometidos pela ditadura e cria até anomalias, como comemorações do que os setores mais retrógrados chamam de "Revolução de 64" e apologias do Golpe por uma parcela do Exército e mesmo por membros do Legislativo Federal.
Foi uma transição que deixou rastros não só políticos, mas na própria cultura dos agentes do Estado, como observa Santana: "Da mesma forma que você tem um desaparecido como Stewart Angel, que sumiu nas mãos do Estado e o Estado precisa dizer como foi etc., a mesma coisa a gente pode dizer do Amarildo (Dias de Souza)". Para ouvir mais da entrevista do professor Marco Santana, clique no Link acima.
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