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Visita de Hollande ao Vaticano não deve diminuir mal-estar dos católicos franceses

A crise na Ucrânia, a primeira visita do presidente François Hollande ao Vaticano, e os 30 anos da criação do Partido Verde francês são alguns dos assuntos em destaque dos jornais que circulam na França no final de semana.

Encontro do presidente François Hollande e o Papa Francisco, no Vaticano em 24 de janeiro de 2014..
Encontro do presidente François Hollande e o Papa Francisco, no Vaticano em 24 de janeiro de 2014.. REUTERS/Alessandro Bianchi
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A revolta deles também nos diz respeito, escreve o jornal Aujourd'hui en France para chamar a atenção de seus leitores sobre a crise na Ucrânia, que se agrava a cada dia. Enquanto opositores se confrontam nas ruas de Kiev com a polícia, repórteres do diário foram ouvir os ucranianos que pedem a demissão do governo do presidente Viktor Yanoukovitch e sonham em fazer parte da Europa.

Há dois meses, hasteando as cores azul e amarela da bandeira ucraniana, os adversários do governo pró-russo lutam para orientar o país na direção de Bruxelas, observa o Aujourd'hui en France. Mas um especialista ouvido pelo jornal afirma que até uma criança compreende o desejo de muitos ucranianos de sair da área de influência da Rússia para fazer parte da União Europeia, que para eles é sinônimo de liberdade, respeito aos direitos humanos e bem-estar social.

Segundo Bernard Guetta, especialista em Relações Internacionais, os europeus podem não estar à altura das expectativas dos opositores ucranianos porque o bloco não tem a intenção de ampliar ainda mais suas fronteiras para o leste.

O jornal Le Monde afirma que o governo de Kiev, acuado pelos manifestantes, busca uma saída para a crise através de uma mediação internacional. Em entrevista ao jornal, em Davos, onde participou do Fórum Econômico Mundial, o primeiro-ministro Mykola Azarov defende que a Suíça pode ajudar o governo ucraniano a superar a crise por se tratar de um país neutro.

Ao mesmo tempo, o premiê julga que a União Europeia pode ajudar a aliviar a tensão se convencer políticos pró-europeus a sentar-se à mesa de negociações com o presidente Yanoukovitch. Na entrevista ao Le Monde, Azarov descartou mais uma vez uma demissão do chefe de estado, que segundo ele, levaria a Ucrânia ao caos.

Dois Franciscos

A visita do presidente Hollande ao papa Francisco foi o tema do editorial do Le Monde. O vespertino diz que a frieza vista nas fotos entre os dois líderes mostra bem o atual clima das relações da França com a Santa Sé.

A eleição do socialista Hollande, um ferrenho defensor da laicidade, assim como sua demora em visitar o Sumo Pontífice, aumentaram o mal-estar dos católicos franceses, já bastante indignados com a aprovação do casamento gay no país e a revisão da lei de interrupção voluntária da gravidez, vista como favorável à prática do aborto. Le Monde observou que Hollande disse que o papa Francisco é bem-vindo na França, mas não formalizou nenhum convite para uma visita oficial.

Para o Le Figaro, a visita do chefe de estado francês não apaga as divergências entre os dois homens. O jornal conservador lembra que o papa Francisco e o presidente Hollande só concordaram sobre temas da atualidade internacional, como a busca pela paz em países da África e na Síria. Mas em assuntos como bioética e a família, os dois mantiveram suas posições, que são muito diferentes.

Segundo o Le Figaro, o comunicado do Vaticano foi "gentil", como de costume, ao qualificar de "cordiais" as discussões entre os dois líderes. Mas ao evocar no documento "a defesa e a promoção da dignidade da pessoa humana", o Vaticano deixou claro que foram discutidos temas sensíveis e conflituosos entre o presidente da República e o papa Francisco.

Os "Verdes" franceses

O Libération dedica várias páginas para fazer um balanço dos trinta anos do partido ecologista francês. E concluiu que depois de tanto tempo, o partido vive sacudido por intrigas internas e ainda está em busca de uma maturidade.

O partido tem 13 mil associados, aceita participar de governos e integrar diversas personalidades da sociedade civil, mas os resultados catastróficos nas últimas eleições presidenciais, onde recolheu apenas 2,3% dos votos, mostram que os Verdes ainda têm uma enorme dificuldade de se impor no cenário político. 

Segundo o Libé, o partido não consegue se afirmar como uma opção alternativa diante de uma social-democracia tida como "envelhecida".  Para o jornal, o Partido Verde francês tem dificuldades de superar sua crise de adolescência.

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