Acordo entre Irã e grandes potências sobre programa nuclear entra em vigor
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O acordo nuclear entre o Irã e as grandes potências entrou em vigor nesta segunda-feira (20). A partir de agora, o país deve suspender totalmente o enriquecimento de urânio a 20%, nível usado para fins medicinais, mas que também poderia facilitar a obtenção da bomba atômica.
O estoque de urânio a 20% que o Irã possui atualmente deverá ser diluído. De agora em diante, Teerã só poderá enriquecer urânio a 5%, grau usado para produzir energia. Além disso, os iranianos devem suspender toda e qualquer expansão de suas centrais nucleares, e essas mesmas centrais receberão, a partir de hoje, inspeções da ONU mais frequentes e mais intrusivas.
A contrapartida é um alívio de algumas sanções econômicas impostas pelo Ocidente. O Irã poderá, por exemplo, voltar a exportar petroquímicos e importar peças de reposição para aviões civis. Além disso, Teerã começará a recuperar parte dos bilhões de dólares que estão bloqueados em bancos no exterior.
Os ocidentais se comprometeram ainda a não impor nenhuma nova sanção ao Irã enquanto o acordo estiver valendo. Passado um ano de teste, o Irã e as potências irão discutir os contornos de um acordo final e definitivo, que tem um objetivo bastante difícil : conciliar ambições atômicas pretensamente pacíficas de Teerã, com garantias de segurança exigidas pelas potências.
Congresso americano pode vetar acordo
O presidente Barack Obama está apoiando esse acordo e parece ter decidido melhorar a relação com o Irã. Mas o Congresso americano, dominado por simpatizantes de Israel, é contra.
Os deputados e senadores tentam encurtar o caminho para adotar novas sanções. Se eles conseguirem maioria de dois terços, o pacote entrará em vigor automaticamente, sem precisar da aprovação de Obama. Se isso acontecer, o Irã poderá ficar irritado e até mesmo recuar em relação às concessões.
Mas isso também poderia favorecer os europeus, que querem muito voltar a fazer negócios com o Irã. Se os EUA descumprirem sua promessa de não aplicar novas sanções, a Europa teria a possibilidade de seduzir os iranianos dizendo que ela respeitou o acordo.
Americanos e europeus disputam mercado iraniano
Teerã está agitada com tanta visita de delegações ocidentais: são deputados, ministros, mas principalmente empresários europeus e também americanos. Todos querem voltar a fazer negócios com o Irã, um país com muito petróleo e gás, e que tem quase 80 milhões de habitantes.
Um bom exemplo são os franceses : o MEDEF a maior organização patronal da França, está enviando a Teerã uma delegação de mais de 100 empresários nas próximas semanas. Mas tratam-se apenas de contatos preliminares, já que as sanções mais pesadas continuam em vigor.
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