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Trabalho aos domingos gera debate nacional na França

O trabalho aos domingos é destaque nas manchetes dos jornais desta terça-feira, 1° de outubro de 2013. O assunto gera um debate nacional desde a semana passada, quando a justiça determinou o fechamento de lojas de material de construção da região parisiense que abriam aos domingos, para defender pequenos comerciantes que alegavam concorrência desleal, mas grandes marcas desafiaram a decisão e abriram no último fim de semana.

No domingo 29 de setembro, 14 lojas de material de construção das marcas Castorama e Leroy Merlin desobedeceram à ordem judicial e abriram as portas.
No domingo 29 de setembro, 14 lojas de material de construção das marcas Castorama e Leroy Merlin desobedeceram à ordem judicial e abriram as portas. Lucas Lopz/FlickrCC
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O grande temor dos sindicatos de trabalhadores é que a autorização específica concedida a alguns setores acabe levando todos os franceses a trabalhar aos domingos.

O diário católico La Croix questiona se o descanso dominical é de fato um bem comum. O jornal argumenta que num período de forte desemprego fica difícil defender sindicatos e autoridades religiosas que insistem em fazer do trabalho no domingo um dogma incontestável. Porém, o La Croix considera que se o trabalho aos domingos, na maioria das vezes, é mais bem remunerado do que nos outros dias da semana, isso demonstra que o descanso dominical tem um valor excepcional que deve ser preservado ao máximo.

O governo nomeou uma comissão para estudar melhorias na legislação de modo que empresários e trabalhadores dispostos a trabalhar aos domingos possam fazê-lo, sem que essa medida se generalize a todos os setores da economia.

O La Croix nota que a legislação atual já é muito complexa e o certo seria reduzir as desigualdades, porque tem trabalhador que ganha o dobro aos domingos e outros que não ganham um adicional, o que o jornal considera injusto.

O diário econômico Les Echos diz que o governo vai tentar apagar o incêndio, mas trabalha em um campo minado. Oito milhões de franceses já trabalham aos domingos, segundo o Les Echos, e se a proibição fosse suspensa, 20 mil empregos poderiam ser criados no comércio, de acordo com entidades do setor. O Les Echos acha que o presidente François Hollande está alimentando, por passividade, uma polêmica incompreensível para a opinião pública. Bastava ele assinar um decreto autorizando as lojas de material de construção abrir aos domingos e o problema estava resolvido. Os sindicatos não teriam o que temer.

O jornal comunista L'Humanité é totalmente contra o trabalho aos domingos. A manchete do diário é clara: "Roubo dos domingos por quadrilha organizada". O L'Humanité vê num eventual abrandamento da legislação um retrocesso nas conquistas sociais dos trabalhadores.

Libération vê o descanso aos domingos como um princípio essencial da vida social, mas reconhece a necessidade de conciliar a realidade do mercado de trabalho com essa conquista dos trabalhadores. O jornal nota que milhares de cidadãos já trabalham em horários atípicos, com consequências negativas para a vida familiar e a saúde. Em editorial, o Libération considera que é possível encontrar um meio termo pelo diálogo entre governo, empresários e sindicatos de trabalhadores.

O Le Figaro critica em editorial um novo programa social do governo que entra em vigor nesta terça-feira: a renda mínima para jovens desempregados da faixa etária de 18 a 25 anos, no valor de 434 euros por mês, cerca de 1.300 reais. O programa vai custar mais de 1,5 bilhão de reais aos cofres públicos e é visto pelo Le Figaro como mais uma medida assistencialista que vai pesar nas contas no Estado e piorar a crise de competitividade do país.

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