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Síria/Diplomacia

Proposta russa sobre armas químicas muda panorama diplomático para Síria

Nesta segunda-feira, a Rússia mudou o rumo das discussões diplomáticas com relação à crise síria, ao sugerir que Damasco entregue seu arsenal químico para que seja destruído pela comunidade internacional evitando, assim, a intervenção militar norte-americana. A proposta é vista com bons olhos pelas potências ocidentais e pelo governo Bashar al-Assad. E acontece apenas dois dias antes do Senado americano votar, pela primeira vez, o projeto de resolução que autoriza uma ação militar da administração Barack Obama contra a Síria.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, conversa com a imprensa depois de sugerir a entrega das armas químicas de Damasco ao controle da comunidade internacional
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, conversa com a imprensa depois de sugerir a entrega das armas químicas de Damasco ao controle da comunidade internacional REUTERS/Sergei Karpukhin
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Embora se diga aberta a discutir a alternativa russa, a Casa Branca mostrou-se reticente. O secretário de Estado John Kerry, por exemplo, falou ao telefone com o chanceler russo Serguei Lavrov logo depois que este apresentou a proposta, mas se disse profundamente cético quanto a ela, pouco depois. Sua antecessora, Hillary Clinton, afirmou que a entrega das armas seria uma "etapa importante", mas que "não pode servir de desculpa para um atraso ou uma obstrução" à ação militar.

O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, declarou que ela é "aceitável", sob três condições: que Bashar al-Assad se comprometa imediatamente a entregar e permitir a destruição das armas; que a operação se realize a partir de uma resolução aprovada e agendada pelo Conselho de Segurança da ONU; e que o Tribunal Penal Internacional julgue os responsáveis pelo massacre de 21 de agosto. Ele também pediu "consequências firmes" a Bashar al-Assad em caso de não-cumprimento do acordo. A premiê alemã Angela Merkel e seu colega britânico David Cameron também defenderam a ideia de uma supervisão internacional sobre as armas químicas, desde que isso não seja um joguete.

O secretário-geral da ONU, Ban KI Moon, sugeriu a criação de zonas supervisionadas pelas Nações Unidas na Síria, onde as armas poderiam ser destruídas. A proposta poderia ser analisada no Conselho de Segurança da ONU, se a utilização de armas químicas pelo regime for oficialmente confirmada pelos observadores que estiveram no país.

Em Moscou, o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, parabenizou os dirigentes russos por sua "sabedoria" no sentido de evitar uma "agressão americana" contra o povo sírio. A oposição síria garantiu que a rápida aceitação por parte de Damasco é uma mentira.

Teste no Senado americano
Nesta quarta-feira, o Senado americano votará pela primeira vez um projeto de resolução que autoriza a administração Obama a intervir militarmente na Síria. O anúncio dessa votação, que testará o apoio da ação na Câmara Alta do Congresso, foi feito hoje pelo chefe da maioria democrata da Casa, Harry Reid.

Trata-se de um procedimento indispensável para a sequência do debate, que pode levar à criação de emendas constitucionais que abram as vias para o ataque. A decisão final do Senado pode acontecer até o final da semana.

Consequências para os EUA
Em entrevista difundida hoje pela rede americana CBS, Bashar al-Assad ameaçou os Estados Unidos de represálias no caso de uma intervenção militar em Damasco. "Eles pagarão o preço", declarou o presidente sírio, destacando que a situação pode ficar imprevisível na região, que ele disse estar "sempre a ponto de explodir". De acordo com ele, "O governo sírio não é o único ator do conflito. Há diferentes partes, diferentes facções, diferentes ideologias". Um ataque contra a Síria, aos olhos de Al-Assad, acabaria por beneficiar a Al-Qaeda.

Sobre as armas químicas, o presidente afirmou que elas podem ser utilizadas "por terroristas e grupos rebeldes" e reiterou que o regime não pode ser responsabilizado pelo ataque químico do dia 21 de agosto na periferia de Damasco. Ele evocou provas apresentadas pelos russos de que os mísseis teriam partido de zonas controladas por rebeldes.
 

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