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Papa vai dar apoio aos protestos no Brasil, diz a imprensa francesa

Dois jornais destacam em primeira página a visita do papa Francisco ao Brasil. La Croix e Le Figaro relatam que o pontífice argentino chega ao Brasil num momento em que o país atravessa uma onda de protestos contra as desigualdades sociais e a corrupção. Além de apoiar os brasileiros em suas reivindicações, o papa tem a preocupação de reconquistar o espaço perdido pela igreja católica para as igrejas evangélicas, informa a imprensa francesa.

Capa dos jornais franceses, La Croix e Le Figaro desta segunda-feira, 22 de julho de 2013
Capa dos jornais franceses, La Croix e Le Figaro desta segunda-feira, 22 de julho de 2013
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O La Croix diz que a visita do papa Francisco ao Brasil suscita uma grande esperança entre os jovens, principalmente neste momento de contestação social. Segundo o jornal, ele deve reafirmar os valores da igreja romana e encorajar os milhares de jovens que vão participar da Jornada Mundial da Juventude a abraçar a fé católica, nesse momento de forte concorrência das igrejas evangélicas e pentecostais.

Um jovem entrevistado pelo jornal explica o movimento de protestos que tomou conta do país e por que ele vai participar da manifestação de hoje em frente ao Palácio Guanabara. Victor Lopes Teixeira, de 20 anos, diz que os brasileiros querem que o mundo tome conhecimento das reivindicações atuais por melhorias na saúde, na educação e menos desperdício de dinheiro público. Ele considera "118 milhões de reais gastos pelo governo na recepção do papa um exagero".

O diário conservador Le Figaro diz que cinco meses após sua entronização, o papa Francisco chega num continente em plena ebulição. O maior país católico do mundo, segundo o Le Figaro, perdeu nas últimas décadas um grande número de fiéis, e o papa vai tentar reverter esse quadro se mostrando ao lado do povo.

Le Figaro conta que o papa vai a uma favela no Rio, para demonstrar seu compromisso profundo com os pobres. Porém, a visita será marcada por um impressionante esquema de segurança, conta o Le Figaro, com 30 mil policiais mobilizados para proteger o pontífice.

Entrevistado pelo Le Figaro, Cesar Romero Jacob, professor de Ciências Políticas na PUC-RJ, diz que para reverter seu declínio no Brasil, a igreja romana deve "retornar ao terreno social" e envolver-se no combate à pobreza e à segregação social, como acontecia nos anos 60 e 70, na época áurea da Teologia da Libertação.

O especialista cita pelo menos dois elementos que prejudicaram a igreja católica na concorrência com as igrejas evangélicas, nos últimos anos. O alongamento do tempo de formação dos padres, que é de 8 anos contra três meses para um pastor evangélico autodidata, e o conservadorismo que tomou conta do Vaticano a partir do pontificado de João Paulo 2°, distanciando o clero dos fiéis.
 

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