Brasil continua sendo destaque nos jornais franceses

A reação da presidenta Dilma Rousseff à onda de manifestações no Brasil foi um tópico obrigatório nos principais jornais franceses deste final de semana. A manchete de Le Monde é: “No Brasil, Dilma Rousseff tenta retomar controle”. A reportagem esmiúça as promessas de Dilma brasileira a respeito de escutar as vozes das lideranças das manifestações. A correspondente de Le Monde observou que a proposta será árdua, uma vez que as manifestações, nascidas principalmente das redes sociais, carecem de “figuras tutelares”.

Torcedor pede hospital durante jogo Espanha-Taiti, no Rio. REUTERS/Pilar Olivares

Já Libération analisa a crescente participação de grupos conservadores nas manifestações, com cartazes pedindo a redução da maioridade penal ou rejeitando o aborto. “No Brasil, a direita reacionária tenta ganhar espaço”, diz o jornal. A cientista política Maria Izabel Noll declarou: “Maio de 68 reforçou o gaullismo; no Brasil, o aumento da mobilização pode justificar a volta de um governo conservador”.

O Figaro fala sobre o desamparo do governo brasileiro diante da onda de protestos que vive o país. Mas a arrogância da Fifa, na pessoa de Joseph Blatter, também é abordada pelo jornal, que retoma a frase do presidente da federação de que foi o Brasil quem pediu para sediar a Copa. O Figaro cita as exigências ditatoriais da Fifa, como o uso exclusivo do espaço público por patrocinadores.

O jornal local Aujourd'hui en France - Hoje na França – traz no título o seguinte : “No Brasil, a Copa está cheia”. Ou seja, transbordando. O correspondente no Rio fala sobre as gafes de Ronaldo (“Não se faz Copa com hospitais”) e de Pelé, que pediu para que o povo deixasse de lado as manifestações. Do lado dos manifestantes, o jornal destaca o deputado Romário, que mandou Pelé ficar quieto, e Neymar.