Para imprensa, Hollande não convenceu os franceses

O destaque dos jornais dessa manhã é a entrevista que o presidente francês, François Hollande, concedeu ontem à televisão francesa. Os jornais foram bastante duros, inclusive os de esquerda que, em geral, são mais favoráveis ao presidente socialista.

O presidente francês François Hollande em entrevista à televisão France 2. Reuters/France2

O jornal Libération, por exemplo, é bastante seco na manchete: "Até aqui, tudo vai mal", resume o jornal. Em editorial, o Libé afirma que Hollande mostrou um otimismo inveterado, uma confiança "impressioante" nas suas políticas de governo, mas parecia estar "surdo" à insatisfação dos franceses. Para o jornal, com essa atitude, ele corre o risco de se afastar ainda mais dos franceses. Uma pesquisa realizada a pedido do jornal, afirma que a população acha que Hollande é "normal demais" e que, nesses tempos de crise, é preciso um presidente mais combativo.

O jornal L'Humanité coloca uma foto de Hollande de cabeça baixa na capa. No editorial, o mesmo diagnóstico do Libération: "O presidente está surdo". O diário comunista faz ainda uma lista das cinco coisas que afastam Hollande das classes populares. Para o jornal, a reforma fiscal que deveria taxar os mais ricos ainda patina e a política do emprego, que é a principal preocupação dos franceses, continua a decepcionar.

O jornal Aujourd'hui en France ouviu analistas e também franceses comuns. A maioria deles disse não estar convencido pelo discurso de Hollande.

Em editorial na capa, Figaro já dá o tom: "Ele não ousou", avalia o jornal. No texto, o jornal diz que Hollande não conseguiu nem agradar a esquerda e muito menos a direita. Antes da entrevista, um comunicado da presidência divulgado ants da entrevista já afirmava que Hollande não faria nenhuma declaração bombástica na televisão. Mas o jornal esperava mais. O único elogio é modesto. Para o jornal Le Figaro, Hollande parece estar mais perto da realidade ao afirmar que não é inimigo dos empresários.