Partidos gregos negociam, à espera de coalizão "para salvar a pátria"
Depois do fracasso de suas negociações com a esquerda democrática e os conservadores, o líder socialista do Pasok, Evangelos Venizélos, se reúne no fim da tarde de hoje com Alexis Tsipras, líder do Syriza, partido da esquerda radical. O objetivo é a formação de um governo de coalizão que apoie os planos de austeridade impostos pelo FMI e União Europeia, condição fundamental para o país continuar na zona do euro.
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"O partido da esquerda democrática Dimar não participará de um governo de coalizão composto pelo Nova Democracia e o Pasok", declarou Kouvelis, durante uma reunião com os deputados do seu partido. Se a decisão for definitiva, a realização de novas eleições legislativas será inevitável.
O anúncio reduziu a chance de uma solução rápida para a crise política desencadeada pela falta de maioria no Parlamento, depois das legislativas de domingo passado.
O socialista Venizélos voltou-se para a esquerda radical, com quem está negociando uma aliança.
Negociações fracassadas
Na noite de quinta-feira, o líder do Dimar, Fotis Kouvelis, foi recebido por Venizélos e sinalizou que poderia integrar um governo que chamou de "ecumênico" com socialistas e conservadores, com a missão de manter a Grécia na zona do euro.
O líder conservador Antonis Samaris, do partido Nova Democracia, primeiro colocado nas legislativas, deixou a reunião com Venizélos nesta manhã dizendo que a Grécia só terá um governo de coalizão com o aval da esquerda radical, segunda força política no novo parlamento. O país precisa de um governo estável, com a participação ou o apoio passivo do líder radical Alexis Tsipras, que vai conversar com o socialista Venizélos ainda hoje, disse Samaris.
"Ainda tenho esperança de formar um governo de coalizão", declarou o conservador.
Alemanha inflexível
Hoje, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, condicionou o pagamento de novas parcelas do empréstimo à Grécia ao cumprimento das reformas em Atenas.
Enquanto o líder socialista Venizélos tenta de corpo e alma formar um novo governo, o ministro alemão das Finanças faz declarações nada estimulantes. Em entrevista publicada na imprensa alemã, Schäuble disse acreditar que a zona do euro suportaria sem grandes problemas a saída da Grécia, uma vez que o sistema hoje é muito mais resistente do que há dois anos, quando explodiu a crise da dívida.
Austeridade, não!
Os gregos expressaram nas urnas sua rejeição às políticas de austeridade impostas pelo acordo assinado entre Atenas, União Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) como condição para receber capital para reequilibrar as contas públicas do país, afundado em dívidas.
O líder do Dimar, da esquerda democrática, Fotis Kouvelis, se disse favorável à criação de uma coalizão que defenda a continuidade da Grécia na zona do euro, mas contrária às condições do plano de ajuda definido por seus credores. Uma possível cooperação entre a direita conservadora do Nova Democracia e os socialistas do Pasok também vem sendo sondada; se não for validada, os gregos terão que recorrer a novas eleições, em três ou quatro semanas.
Em meio a essa crise política, Bruxelas reafirmou nesta quinta-feira que o plano de reformas e de austeridade acordado entre Atenas e seus credores não é renegociável. No acordo estão listadas as medidas que o governo grego deve adotar para poder receber a integralidade do montante.
Apesar da apreensão que paira entre as potências europeias sobre a instabilidade política e financeira na Grécia, o país recebeu na quinta-feira,do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FESF), a soma de 4,2 bilhões de euros, do total de 5,2 bilhões de euros esperados de mais uma parcela desse pacote de resgate.
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