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Reportagem

Organizações internacionais condenam reforma do código florestal brasileiro

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A aprovação da reforma no código florestal brasileiro pela Câmara dos Deputados, na quarta-feira, ganhou repercussão internacional. O projeto é criticado por ambientalistas e estudiosos, que se preocupam com as consequências do novo projeto. O texto aguarda a decisão final da presidente Dilma Rousseff.

Ecologistas protestam durante voto do projeto na Câmara
Ecologistas protestam durante voto do projeto na Câmara REUTERS/Ueslei Marcelino
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Com a colaboração de Murilo Salviano

A votação da reforma do código florestal brasileiro foi acompanhada de perto por organizações internacionais que defendem o meio ambiente. Na quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou, por 274 votos a 184, o texto do deputado Paulo Piau (PMDB-MG), que modifica alguns pontos retocados anteriormente pelo Senado. A aprovação do projeto foi vista como uma vitória da bancada ruralista.

Para o geógrafo francês Hervé Théry, do CNRS (Centro de Pesquisas Científicas da França) e professor convidado da USP, as modificações representam um retrocesso na legislação ambiental brasileira. "Tem gente que pode pensar que é neura dos ambientalistas, mas dessa vez é realmente sério", garante o especialista. "No Brasil, existe uma legislação muito boa de preservação, que nem a França tem. Essa reforma vai diminuir a qualidade do código atual."

Em documento divulgado na manhã dessa quinta-feira, a organização ecologista WWF condenou as reformas no código florestal. Para a instituição, o Brasil não pode adotar as modificações decididas pela Câmara dos Deputados. "Nós pedimos que a presidente Dilma resista à essa reforma míope e insensível", declarou Jim Leape, diretor geral da WWF Internacional. A organização ainda destacou que o Brasil tem sido um exemplo, nos últimos anos, por diminuir as suas taxas de desmatamento e pobreza, enquanto aumenta a sua produção agrícola.

O Greenpeace também se manifestou contra o texto do deputado Paulo Piau (PMDB-MG). A instituição acusa o Congresso de ignorar a opinião do povo brasileiro e pede à presidente Dilma que ela não dê anistia aos desmatadores. “Desde o início do processo, o Brasil esteve refém dos interesses do setor, que fez de tudo para incorporar suas demandas ao projeto de lei. A população, que se mostrou contrária à anistia aos desmatadores e às brechas que permitem mais devastação, foi o tempo inteiro ignorada”, afirmou Paulo Adário, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace.

Rio +20

A aprovação da reforma do código florestal acontece a menos de dois meses do Rio +20, no Rio de Janeiro, evento que irá discutir problemas ambientais do mundo todo. O geógrafo Hervé Théry acredita que a proximidade da manifestação vai pressionar o veto de Dilma Rousseff. "Seria muito ruim o Brasil ir para essa conferência com essa pecha de ter aceito, algumas semanas antes, um retrocesso na questão do desmatamento", acrescentou.

Para o diretor geral da WWF Internacional, Jim Leape, "seria uma vergonha para o Brasil, como um líder mundial na conservação de florestas, se render à essa posição, principalmente neste ano em que terá líderes políticos, comerciais e da sociedade civil reunidos no Rio de Janeiro para uma cúpula da ONU sobre desenvolvimento sustentável", avaliou. "Insisto à presidente que ela resista a outros elementos escandalosos da nova lei, pelo futuro da economia do Brasil, pelo seu patrimônio natural e por sua nação", concluiu o diretor da organização.

 

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